Presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento recuperou as finanças e a classificação de risco da instituição
A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, foi reconduzida ao cargo neste domingo (23), durante o Fórum de Desenvolvimento da China, realizado em Pequim. Ao confirmar à Folha de S.Paulo sua indicação para um segundo mandato, a presidenta do banco também criticou o jornal por uma reportagem caluniosa publicada recentemente pelo veículo de comunicação a respeito de sua gestão. "Agora, vocês têm que parar de fazer ficha falsa, tá? Conhece a ficha falsa? Lembra dela?", disparou, relembrando o episódio de 2009 em que a Folha publicou como autêntico um documento sem origem comprovada. O objetivo da Folha, em 2009, era tentar evitar que ela derrotasse o tucano José Serra nas eleições de 2010, que Dilma venceu, a despeito da notícia falsa da Folha.
A reeleição de Dilma à frente do banco, sediado em Xangai, se deu por indicação da Rússia, após articulação política do presidente Lula. A confirmação acontece em um momento de recuperação sólida da instituição financeira, criada pelo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em seus dois primeiros anos de mandato, Dilma reestruturou o banco após um período de inoperância e instabilidade herdado da gestão anterior, sob o diplomata brasileiro Marcos Troyjo.
Durante sua participação no Fórum, Dilma também defendeu sua gestão e criticou a administração anterior, embora sem citar nomes. “Uma das coisas mais graves que aconteceram no banco foi quando não tomaram empréstimos por 16 meses”, afirmou. “Quando você não tem liquidez, você não investe. Ou seja, também não tinha empréstimo.”
A reportagem da Folha havia apontado metas atrasadas e relatos de assédio moral no NDB. Questionada sobre isso, Dilma respondeu: “Não vi. Não quero [comentar]”. E emendou com sua crítica ao histórico da publicação: “Vocês têm que parar de fazer ficha falsa”.
Nos dois anos à frente do NDB, Dilma promoveu mudanças significativas. Quando assumiu em março de 2023, encontrou um banco sem liquidez e com dificuldades de captação internacional. O NDB havia passado 15 meses sem acessar o mercado de capitais em dólar, perdendo oportunidades valiosas em tempos de juros baixos. Ainda enfrentava dificuldades no programa de emissão de títulos na China, os Panda Bonds, e operava sem um comitê executivo de governança.
Tudo isso foi revertido: em abril de 2023, criou-se o comitê executivo; o programa de Panda Bonds foi reativado; e, desde então, o banco já voltou ao mercado 40 vezes, captando aproximadamente US$ 14 bilhões em diversas moedas. Entre os destaques estão emissões de US$ 1,25 bilhão e US$ 1,2 bilhão em dólares, além de US$ 4 bilhões em yuanes por meio dos Panda Bonds.
A credibilidade restaurada resultou na reafirmação do rating "AA" pela Fitch em 2023, com perspectiva estável, e, mais recentemente, na elevação da nota para "AAA" pela agência japonesa JCR, que destacou os avanços em governança e segurança financeira.
Em entrevista ao editor-chefe do Brasil 247, Leonardo Attuch, Dilma destacou o novo papel estratégico do banco: “O BRICS é um fator de estabilidade em tempos de incerteza”, disse. Para ela, o grupo de países emergentes deve continuar a desempenhar papel central na construção de um mundo multipolar. “O parâmetro das relações internacionais não pode ser a força. Tem que ser o respeito entre os países”, concluiu.
No Brasil, o NDB expandiu seus desembolsos de 12% para 18% do total — alinhando-se à participação acionária do país. Os investimentos incluem o Hospital Inteligente (em parceria com a USP e os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia), um programa de infraestrutura hídrica na Paraíba e financiamento para a CPFL Energia, entre outros.
Sob a liderança de Dilma, o banco também segue ampliando sua presença internacional. A Argélia aderiu ao NDB em 2024 e o Uruguai está prestes a se tornar membro. Outros 17 países manifestaram interesse em integrar a instituição.
Ao lado de figuras como o primeiro-ministro chinês Li Qiang, o CEO da Apple, Tim Cook, e o brasileiro Cristiano Amon (CEO da Qualcomm), Dilma esteve na abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, reforçando o protagonismo do banco dos BRICS na arena internacional.
A recondução de Dilma Rousseff ao cargo, após um início desafiador, marca não apenas sua resiliência pessoal — superando inclusive um quadro de neurite vestibular no fim de fevereiro —, mas também a solidez de sua gestão à frente do NDB. Com governança aprimorada, finanças recuperadas e expansão de projetos estratégicos, a instituição se consolida como um dos principais vetores de financiamento para o desenvolvimento sustentável entre os países emergentes. Assista, abaixo, sua entrevista exclusiva concedida à TV 247:
Fonte: Brasil 247
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