Filho de Jair Bolsonaro usou as redes sociais para atacar o filme "Ainda Estou Aqui" e o diretor do longa 'por reclamar do governo americano'
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a provocar polêmica ao criticar o cineasta Walter Salles, diretor do filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. Em publicações nas redes sociais, o parlamentar acusou Salles de produzir um longa sobre uma "ditadura inexistente" e afirmou que ele pode ser caracterizado como um "psicopata cínico" por "reclamar do governo americano".
“Acredito que o sujeito que bate palmas para a prisão de mães de família, idosos e trabalhadores inocentes, enquanto faz filme de uma ditadura inexistente e reclama do governo americano, que lhe dá todos os direitos e garantias para que suas reclamações públicas e mentirosas sejam respeitadas pelo sagrado direito da liberdade de expressão, define, em essência, o conceito do psicopata cínico”, escreveu Eduardo Bolsonaro no X, antigo Twitter, na noite de terça-feira (4)de acordo com a CNN Brasil. O longa de Walter Salles aborda
O deputado ainda afirmou que, se Walter Salles criticasse o "regime instaurado por Alexandre de Moraes", estaria preso. “Se ele falasse mal do regime instaurado pelo Alexandre de Moraes, estaria na cadeia, gozando de todo o esplendor da democracia da esquerda. Deve ser realmente muito difícil viver na ditadura americana”, acrescentou em referência ao ministro do Supremo tribunal federal (STF) Alexandre de Moraes.
As declarações de Eduardo Bolsonaro foram uma reação a uma entrevista concedida por Walter Salles, na qual o cineasta afirmou que o autoritarismo “faz graça no mundo” e que o público americano se identificou com “Ainda Estou Aqui” porque o filme reflete questões contemporâneas dos Estados Unidos.
“A gente está vivendo algo aqui que eu não esperei tão cedo. Estamos vendo um processo de fragilização crescente da democracia, e esse processo está se acelerando cada vez mais. A única coisa que eu posso atestar é o quanto o filme, que fala de uma ditadura militar, se tornou próximo de quem o viu nos Estados Unidos. [...] As pessoas vieram falar comigo sobre isso, sobre como o filme se pareceu próximo de uma realidade hoje nos Estados Unidos. E eu diria que não é só aqui, porque, de certa forma, ele ecoa o perigo autoritário que hoje graça no mundo como um todo”, disse Salles na entrevista.
O longa “Ainda Estou Aqui” é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, autor também de "Feliz Ano Velho", best-seller dos anos 1980. A trama se passa na década de 1970, durante a ditadura militar no Brasil, e acompanha a família Paiva: Rubens (Selton Mello), Eunice (Fernanda Torres) e seus filhos. O enredo central gira em torno do desaparecimento de Rubens Paiva, levado por militares à paisana, enquanto sua esposa, Eunice, passa décadas lutando para descobrir o paradeiro do marido.
Rubens Paiva teve seus direitos políticos cassados em 1964, com o golpe militar e o seu corpo nunca foi encontrado. Em 1996, foi emitido o atestado de óbito do ex-deputado e, em 2025, a certidão de óbito foi corrigida para constar a informação de que a morte foi causada por agentes do Estado durante o período da ditadura militar.
O filme recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. A produção fez história ao conquistar a primeira estatueta da Academia para o Brasil.
O filme recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. A produção fez história ao conquistar a primeira estatueta da Academia para o Brasil.
Na noite de terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou Walter Salles pela conquista do Oscar e celebrou a vitória histórica do cinema brasileiro.“A gente não tem muito o que falar, quando a gente percebe que um brasileiro é capaz de se superar numa arte que, até então, me parece que só americano ganhava. Então eu quero te dizer que foi uma noite de ouro”, disse Lula.
Para o presidente, o diretor do filme conseguiu “lavar a alma do povo brasileiro e do cinema brasileiro”, além de recuperar, “de uma forma muito importante, a história de Rubens Paiva”. O chefe do Executivo ainda convidou a atriz Fernanda Torres e o diretor Walter Salles para um encontro de celebração à estatueta do Oscar, que deve acontecer em Brasília, mas ainda não tem data definida.
Fonte: Brasil 247
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