Ex-presidente acusa o governo de repetir estratégia de Macri e questiona justificativas de Milei sobre endividamento externo
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner lançou duras críticas ao presidente Javier Milei após o anúncio de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em uma série de publicações nas redes sociais, Cristina afirmou que Milei, que se apresenta como um defensor do liberalismo econômico, acabou recorrendo às mesmas práticas de endividamento do ex-presidente Mauricio Macri devido à escassez de dólares na economia argentina, relata a C5N.
"Milei, no final, você acabou fazendo o mesmo que Macri. O experimento da Escola Austríaca falhou, você está com a água no pescoço porque faltam dólares e jogou a toalha pedindo um empréstimo ao FMI", escreveu Cristina, evidenciando o que considera uma contradição nas ações do atual mandatário.
A ex-presidente também criticou uma coluna de opinião escrita por Milei no último sábado (8), onde o presidente justificava que os recursos do FMI seriam utilizados para quitar parte da dívida do Tesouro com o Banco Central. Segundo Milei, essa operação contribuiria para eliminar a inflação. No entanto, Cristina Kirchner questionou a lógica dessa explicação, apontando que a obtenção de novos recursos externos inevitavelmente amplia a dívida pública.
"Você quer explicar o inexplicável: que vai pedir bilhões de dólares ao FMI sem que isso gere nova dívida, porque com esses dólares pagará as Letras Intransferíveis que o Tesouro deve ao Banco Central. Você realmente está dizendo que vão te dar bilhões de dólares e que a dívida externa argentina não vai aumentar?", rebateu Cristina.
A ex-presidente comparou a estratégia de Milei com a de Macri, recordando que, durante sua gestão, o governo justificou a contração de novas dívidas externas sob a promessa de equilibrar déficits internos, o que resultou em um empréstimo recorde de US$ 57 bilhões solicitado pelo então ministro da Economia, Luis "Toto" Caputo.
O embate entre Cristina Kirchner e Javier Milei reflete as profundas divisões políticas na Argentina, especialmente no que diz respeito às políticas econômicas. Enquanto Milei defende medidas radicais de ajuste fiscal e alinhamento com organismos financeiros internacionais, a ex-presidente e setores do peronismo alertam para os riscos de um novo ciclo de endividamento que pode comprometer a soberania econômica do país.
O novo acordo com o FMI ainda precisa ser detalhado pelo governo e aprovado pelo Congresso. Enquanto isso, a oposição promete manter a pressão sobre Milei, cobrando explicações mais concretas sobre os impactos da operação na economia argentina.
Fonte: Brasil 247 com informações da C5N
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