Objetivo é manter influência sobre a pauta do colegiado e a condução dos debates por meio do deputado Filipe Barros, escolhido para comandar a comissão
Parlamentares bolsonaristas articulam para que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apesar de licenciado do mandato e sem assumir oficialmente a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, siga como uma figura central nos trabalhos do colegiado. Segundo fontes do PL ouvidas pela coluna do jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, ele atuará como uma espécie de "presidente oculto", exercendo influência sobre a pauta e a condução dos debates por meio do deputado Filipe Barros (PL-PR), escolhido para comandar a comissão.
O principal objetivo dessa estratégia é transformar o colegiado em um canal de interlocução com aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e denunciar o que classificam como violações aos direitos humanos e à liberdade de expressão. A oposição bolsonarista quer levar ao Congresso americano denúncias sobre as decisões do Judiciário brasileiro relacionadas aos investigados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e ao inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, que pode levar à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de ex-auxiliares de seu governo.
Ainda de acordo com a reportagem, a estratégia prevê que Eduardo Bolsonaro atue como o elo entre a Comissão de Relações Exteriores da Câmara e o Congresso dos Estados Unidos. A ideia é utilizar os canais oficiais de cooperação parlamentar entre Brasil e EUA para trocar informações e reforçar o discurso de que opositores de Bolsonaro estariam promovendo perseguições políticas no país.
Bolsonaristas acreditam que a iniciativa será facilitada pelo fato de que, no Congresso americano, as comissões correlatas são presididas por republicanos. O deputado Brian Mast, representante da Flórida e aliado de Trump, está à frente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos. Além disso, a subcomissão dedicada ao Hemisfério Ocidental é presidida por Maria Elvira Salazar, congressista próxima a Eduardo Bolsonaro e uma das autoras do projeto de lei “No Censors on Our Shores”, que prevê sanções a países que promovem restrições à liberdade de expressão.
Outra ação prevista é a produção de relatórios sobre direitos humanos e o cumprimento de tratados internacionais pelo Brasil, com o objetivo de gerar repercussão internacional sobre supostas violações cometidas pelo governo Lula e pelo Judiciário. O levantamento incluirá todos os acordos de direitos humanos assinados pelo Brasil e uma avaliação sobre seu cumprimento.
A oposição também planeja realizar uma análise minuciosa de tratados e acordos internacionais pendentes de avaliação no Congresso, com a intenção de organizar audiências públicas e debates temáticos sobre o tema. Entre as prioridades estão tratados firmados durante o governo Bolsonaro que ainda aguardam aprovação e os acordos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o líder chinês, Xi Jinping, após a cúpula do G20.
Segundo a oposição, dos 37 acordos firmados entre Lula e Xi Jinping, alguns envolvem temas considerados sensíveis, como tecnologia nuclear, fornecimento de urânio, telecomunicações, controle digital e mídia. Um dos focos de contestação será um acordo do governo brasileiro com a SpaceSail, empresa chinesa que pretende concorrer com a Starlink, do bilionário Elon Musk. Os bolsonaristas querem submeter esses tratados a uma ampla discussão, por meio de audiências públicas e análises técnicas.
Além disso, Eduardo Bolsonaro e seus aliados pretendem trabalhar em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), para fiscalizar supostas violações de direitos e restrições à liberdade de expressão no Brasil. A ideia é articular visitas técnicas e audiências para debater o tema e reforçar a narrativa de que Jair Bolsonaro e seus aliados são alvos de perseguição.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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