segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Silvio Almeida afirma que ele e Anielle Franco foram vítimas de 'armadilha' política

"Quando causas relevantes são capturadas e manipuladas para acessar poder e dinheiro, isso me preocupa", afirma o ex-ministro

      (Foto: Divulgação/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania)

O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida concedeu uma entrevista ao portal UOL, na qual comentou sobre as acusações de assédio que levaram à sua demissão do governo Lula (PT). Ele alegou que tanto ele quanto a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT), foram vítimas de uma "armadilha política" e classificou as acusações como parte de uma estratégia de intrigas e desestabilização. O caso está sob investigação da Polícia Federal.

Na entrevista, Almeida revelou que preferiu o silêncio por cinco meses para preservar sua família e evitar confrontos públicos. Segundo ele, "criou-se um clima de hostilidade" e qualquer defesa sua era interpretada como desrespeito às supostas vítimas. Agora, porém, ele afirma que é o momento de começar a falar.

☉ Acusações e contexto das reuniões - Silvio Almeida negou veementemente as denúncias, incluindo a alegada importunação sexual contra Anielle Franco e outras mulheres. Ele descreveu o episódio específico que envolveu Anielle, afirmando que durante uma reunião sobre racismo nos aeroportos, houve um desentendimento entre os dois sobre abordagens políticas. "Foi uma reunião tensa. Eu e a ministra tínhamos visões diferentes sobre como tratar a questão", afirmou.

Segundo ele, Anielle teria sido "deselegante" ao interrompê-lo e afirmar que ele estava "dando aula" na reunião. Almeida relatou que preferiu se calar e deixou a reunião mais cedo. "Depois conversei com meus assessores sobre como era difícil trabalhar com o Ministério da Igualdade Racial e com Anielle Franco", revelou. A partir desse momento, teria decidido limitar sua atuação apenas às competências do Ministério dos Direitos Humanos.

☉ Supostas intrigas políticas - Almeida também alegou que foi alvo de uma campanha de intrigas nos bastidores do governo. "Vieram me dizer que a ministra se sentia incomodada por eu ser uma referência na área do ministério dela, mas eu não tinha tempo para lidar com fofocas", disse. Ele acredita que tanto ele quanto Anielle foram envolvidos em uma "armadilha política", manipulada por interesses externos.

Questionado sobre outras denúncias de assédio, como as de ex-alunas e da professora Isabel Rodrigues, Almeida se disse surpreso. Ele argumentou que Isabel era sua amiga e que mantiveram contato por anos, o que tornaria estranha a repentina acusação. "De repente, ela aparece como candidata a vereadora e se declara a 15ª vítima, sem que se soubesse quantas supostas vítimas existiam", pontuou.

☉ Me Too Brasil e ONGs - Um dos pontos mais críticos da entrevista foi a relação das denúncias com o movimento Me Too Brasil. Almeida insinuou que a organização pode ter agido com interesses políticos e financeiros ao vazar informações para a imprensa. "Quando causas relevantes são capturadas e manipuladas para acessar poder e dinheiro, isso me preocupa", afirmou. Ele também mencionou que recebeu mensagens da presidente do Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, pouco antes da crise e que ela tentou marcar reuniões com ele para tratar de questões do ministério. Segundo Almeida, os contatos fora dos canais institucionais lhe pareceram inadequados.

☉ Reação e o futuro - Questionado se sentiu decepção com o presidente Lula por sua demissão, Almeida respondeu que o presidente "foi levado a uma situação incontornável". Ele também afirmou que não vai pedir desculpas, pois não fez nada de errado. "Quem sempre foi um norte na minha vida jamais se conformou com a injustiça", disse, citando figuras históricas como Luiz Gama, Nelson Mandela e o próprio Lula.

Por fim, o ex-ministro reforçou sua indignação com o que considera uma campanha de destruição de reputação baseada em fofocas e intrigas políticas. "Foi uma experiência de muito sofrimento. Primeiro vem a tristeza, depois a indignação. Estou indignado. Todas as pessoas que estão se referindo a mim desse jeito vão ser responsabilizadas", finalizou.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

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