Advogado Arnóbio Rocha vê anistia preventiva e ataques à Ficha Limpa como estratégia para o retorno do ex-presidente Bolsonaro à política
(Foto: Divulgação | ABR)
A mobilização para reabilitar Jair Bolsonaro na política brasileira tem ganhado força. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o advogado Arnóbio Rocha analisou as articulações da extrema-direita para viabilizar a volta do ex-presidente, incluindo tentativas de desqualificação das instituições e pressões por uma anistia preventiva. Rocha destacou que o caos e a desinformação são elementos centrais da estratégia bolsonarista. "O caos ajuda muito esses caras. Criar uma cortina de fumaça favorece quem realmente gosta do caos", afirmou.
O advogado fez críticas contundentes ao que chamou de "cinquenta tons de golpe", em referência às múltiplas estratégias adotadas para garantir a reabilitação política de Bolsonaro. Segundo ele, um dos movimentos mais evidentes é a defesa de uma anistia para atos ainda não julgados, o que ele classificou como uma manobra "surreal". "Como é que você pede anistia para algo que ainda nem foi julgado? Isso não existe", reforçou Rocha, ecoando observações recentes feitas pelo presidente Lula.
◉ Estratégia de desinformação e radicalismo
Arnóbio Rocha também comentou o papel das redes sociais na construção de uma "falsa imagem do Brasil" para alimentar narrativas de censura e ditadura inexistente. Ele ironizou as declarações de membros da extrema direita que tentam ligar o país a uma ditadura. "Eles dominam bem as redes e criam dúvidas razoáveis nas pessoas sobre o que realmente está acontecendo", explicou.
Na avaliação do advogado, o bolsonarismo se assemelha a uma seita, onde a lealdade ao ex-presidente ultrapassa até a autopreservação dos próprios seguidores. Rocha relatou o comportamento de muitos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro: "É assustador. Tem gente com filho pequeno, arrimo de família, que prefere proteger o Bolsonaro a se proteger. É quase um comportamento de seita."
◉ Rejeição à transação penal e manobras legislativas
Outro ponto central da entrevista foi a recusa, por parte da maioria dos envolvidos nos atos golpistas, em aceitar a transação penal oferecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Rocha lembrou que essa medida poderia evitar processos criminais, mas muitos recusaram. "Agora, esses mesmos querem anistia, o que é uma grande contradição", afirmou.
O advogado alertou ainda para as tentativas de enfraquecer a Lei da Ficha Limpa como parte da estratégia de retorno de Bolsonaro. Rocha lembrou que o próprio ex-presidente, quando estava no poder, defendeu o endurecimento das regras da Ficha Limpa. "Agora, eles querem acabar com essa lei. É muita malandragem, mas é evidente que o único objetivo é beneficiar o Bolsonaro", concluiu.
◉ Foco da oposição e o simbolismo do caos
Arnóbio Rocha destacou que, embora as tentativas de criar um clima de desordem favoreçam a extrema-direita, a oposição deve manter o foco em suas pautas prioritárias. "Nossa bolha acaba absorvendo muita pauta proposta por eles. Isso cria um efeito devastador", afirmou. Para ele, o governo e os setores progressistas precisam resistir a essa agenda caótica e concentrar-se no fortalecimento das instituições.
Ao final da entrevista, Rocha reiterou a importância de uma denúncia sólida e bem fundamentada contra Bolsonaro para evitar que a defesa se aproveite de brechas jurídicas. "Eu sou da linha da paciência. Quanto mais substanciosa a denúncia, mais rápido será o caminho para a condenação. O rito será mais claro e eficiente", concluiu, demonstrando confiança no desfecho das investigações. Assista:
Fonte: Brasil 247
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