Esquema criminoso utilizava policiais civis, peritos e informantes para adulterar e revender entorpecentes no mercado ilegal
Viatura (Foto: Pixabay)
A delegada especial de primeira classe Maria Cecília Castro Dias foi afastada de suas funções na tarde da última sexta-feira (7) por suspeita de participação em uma organização criminosa dentro da Polícia Civil de São Paulo. Segundo informações do Metrópoles, a delegada é acusada de integrar um esquema que desviava grandes cargas de drogas para revenda a traficantes.
Maria Cecília ocupava um dos cargos mais altos da hierarquia policial, atuando como chefe de investigações do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), no centro da capital paulista. Antes disso, comandou o 2º DP (Bom Retiro). Seu afastamento foi determinado pelo juiz Oto Sérgio Silva de Araújo Júnior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
◎ Esquema envolvia policiais e peritos criminais
As investigações apontam que a quadrilha contava com mais de 40 informantes, conhecidos como “gansos”, responsáveis por monitorar carregamentos de drogas vindos de outros estados, principalmente do Mato Grosso do Sul, rota estratégica para a entrada de cocaína proveniente do Paraguai e da Bolívia.
Ao identificar um carregamento valioso, o grupo enviava agentes disfarçados para simular apreensões policiais. As drogas eram então transportadas para galpões, onde passavam por um processo de adulteração: parte do entorpecente puro era retirada e substituída por substâncias inofensivas, como talco e gesso.
Para garantir que a operação ocorresse sem suspeitas, peritos do Instituto de Criminalística emitiam laudos falsos atestando a pureza dos materiais apresentados às delegacias. Enquanto isso, a droga verdadeira era revendida no mercado ilegal por preços elevados.
◎ Mandado de busca e apreensão na casa da delegada
No mesmo dia do afastamento de Maria Cecília, um mandado de busca e apreensão foi cumprido em sua residência na Vila Olímpia, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. No local, foram apreendidos celulares, documentos, além de sua arma, distintivo e carteira funcional. Os aparelhos eletrônicos passarão por perícia, com a quebra de sigilo telemático, para verificar eventuais provas que confirmem o seu envolvimento no esquema.
A defesa da delegada ainda não se manifestou sobre as acusações. O espaço segue aberto para eventuais declarações.
◎ Delegacias do centro eram usadas pelo grupo
As autoridades investigam a relação da quadrilha com diversas delegacias do centro da cidade. Relatórios da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontam que o 77º DP (Santa Cecília), o 2º DP (Bom Retiro), o 1º DP (Sé) e o 12º DP (Pari) tinham parte de seus recursos humanos e materiais direcionados para a atuação criminosa.
Além disso, há indícios de que o chefe da 1ª Delegacia Seccional, Elvis Cristiano da Silva, vendia cargos de chefia nos distritos do centro paulistano. Segundo as investigações, as posições eram ocupadas por policiais que faziam parte do esquema de tráfico de drogas.
◎ Investigador-chefe já havia sido preso
A prisão do chefe de investigações Cléber Rodrigues Gimenez, no fim de janeiro, foi um dos fatores que aceleraram as suspeitas sobre a delegada afastada. Cléber comandava a apuração de crimes no 77º DP e teria papel fundamental na estruturação da quadrilha.
Segundo as investigações, ele cedia um galpão de sua propriedade no Bom Retiro para a adulteração das cargas de drogas. Além disso, contava com o apoio de peritos do Instituto de Criminalística, que forneciam laudos falsos atestando a pureza das substâncias apresentadas oficialmente, enquanto a droga verdadeira era revendida a traficantes internacionais.
A Polícia Civil e o Ministério Público continuam as investigações para identificar outros envolvidos e aprofundar as conexões do esquema criminoso, que pode ser ainda mais amplo do que inicialmente suspeitado.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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