Procuradoria decidirá se denuncia ou arquiva casos de falsificação de vacinas e venda de joias após relatórios da PF apontarem indícios sólidos de crimes
Mauro Cid (à esq.), Jair Bolsonaro e joias dadas ao Brasil (Foto: Marcos Corrêa/PR | Reprodução | Reuters)
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve concluir nos próximos meses as investigações sobre dois casos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro: a suposta falsificação de certificados de vacina contra a Covid-19 e o desvio de joias recebidas como presente oficial. As apurações, conduzidas pela Polícia Federal (PF), indicam que há indícios sólidos de irregularidades, cabendo agora à PGR decidir se apresentará denúncias formais ou pedirá o arquivamento dos processos. A informação foi revelada pelo jornal O Globo.
Interlocutores do procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmam que a finalização desses casos tornou-se prioridade após a denúncia de Bolsonaro e aliados pelo suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente já foi indiciado pela PF tanto no caso das vacinas quanto no das joias.
No inquérito sobre os certificados de vacinação, Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e outros 15 investigados foram acusados de fraudar registros para driblar exigências sanitárias. Em delação premiada, Cid declarou que recebeu ordens diretas do ex-presidente para adulterar os dados de imunização dele e de sua filha. Segundo o militar, Bolsonaro teria recebido pessoalmente os documentos falsificados.
A defesa do ex-presidente nega qualquer irregularidade. O advogado Paulo Bueno sustenta que Bolsonaro não solicitou a fraude e que a única evidência apresentada pela PF é a palavra de Cid. "Aquilo foi o Cid que fez, excesso de iniciativa. E o único elemento que a investigação tem são as palavras dele, que refutamos veementemente", afirmou.
Já no caso das joias, as investigações apontam que Bolsonaro teria tentado reaver um conjunto de itens de luxo presenteado pela Arábia Saudita, retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP). Além disso, segundo a PF, o ex-presidente vendeu relógios de alto valor que deveriam ter sido incorporados ao acervo da União.
Cid também prestou depoimento sobre o caso e afirmou que Bolsonaro o orientou a vender os presentes para cobrir despesas após deixar o cargo. "Ele pediu para verificar quais seriam os presentes que poderiam ter algum valor. A maneira mais fácil de quantificar seria pelos relógios, por causa da marca e tudo. Então eu fiz um levantamento (...) Apresentei essa lista (ao presidente) e ele falou: ‘Pô, bicho, vamos tentar vender isso aí?’", relatou.
Nos próximos meses, caberá à PGR decidir se Bolsonaro será denunciado à Justiça ou se os casos serão encerrados.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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