segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

PF aponta senador do PL em suposto esquema de rateio de emendas e pede investigação

Polícia Federal encontrou mensagens que indicam participação de Eduardo Gomes em negociação de valores e repasses de emendas parlamentares

     Eduardo Gomes (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) solicitou a abertura de um inquérito para investigar possíveis desvios relacionados à destinação de emendas parlamentares do senador Eduardo Gomes (PL-TO), atual 1º vice-presidente do Senado e ex-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional. O pedido foi encaminhado no âmbito da Operação Emendário, que já resultou em denúncias contra três deputados do PL, conforme revelou o Metrópoles.

A investigação teve um desdobramento significativo após a análise de aparelhos eletrônicos apreendidos durante as diligências. A PF identificou mensagens em que um ex-assessor de Eduardo Gomes cobra o pagamento de valores de Carlos Lopes, funcionário do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA), apontado como operador de um esquema de rateio de emendas entre parlamentares aliados. De acordo com o relatório da corporação, as trocas de mensagens sugerem que o senador estaria inserido no mesmo modus operandi investigado na Operação Emendário.

Em um dos diálogos, datado de fevereiro de 2022, o ex-assessor de Gomes, identificado como Lizoel Bezerra, pressiona Lopes sobre um "saldo devedor" de R$ 1,3 milhão. Ele pede que pelo menos R$ 150 mil sejam pagos imediatamente para cobrir despesas urgentes. Em uma das mensagens, Lizoel reforça a urgência da transferência: "Bom dia amigo. Me dá uma posição. Homem tá na agonia. Pagar contas e viajar".

A investigação aponta que o "homem agoniado" mencionado na conversa é o próprio Eduardo Gomes, com base em um print anexado ao inquérito. A imagem mostra um interlocutor identificado pelo nome do senador e com uma foto de perfil representando o estado de Tocantins. Em outra troca de mensagens, de 25 de fevereiro de 2022, o interlocutor, supostamente o senador, escreve: "o cara mandou", ao que Lizoel responde: "to esperando ele falar aqui comigo".

A insistência de Lizoel para a conclusão do pagamento também fica evidente em mensagem do dia seguinte: "Bom dia, Carlos. Alguma novidade? A camionete (sic) chegou?". Lopes responde negativamente e o ex-assessor de Gomes ordena que ele fique de plantão para resolver a situação.

Para a PF, o receio expresso por Lizoel ao longo das mensagens indica que o atraso no pagamento poderia comprometer a capacidade de Eduardo Gomes de influenciar a distribuição de emendas no ano seguinte. "E a pior parte disso tudo é eu ficando queimado com o amigo e nesse próximo orçamento não vou ter nada. Isso é de fuder (sic)", lamenta o ex-assessor.

As mensagens seguiram até março de 2022, véspera da operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de Carlos Lopes. Apesar das evidências levantadas, a origem exata da dívida cobrada por Lizoel Bezerra ainda não foi determinada.

Diante dos indícios reunidos, a PF encaminhou um relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), sugerindo a necessidade de uma investigação aprofundada sobre o envolvimento do senador. "Em que pese ser um encontro fortuito de provas, que, salvo melhor juízo, deve ser investigado em outro procedimento, destaca-se neste momento porque corrobora a hipótese aventada de rateio de valores de emendas parlamentares", conclui a PF.

A PGR acatou o pedido e determinou a extração do relatório da Operação Emendário para iniciar uma "petição autônoma destinada à realização de diligências preliminares".

Defesa do senador - A assessoria de Eduardo Gomes negou qualquer irregularidade. Em nota, afirmou que, enquanto relator parcial do orçamento e líder do governo Bolsonaro no Congresso, destinou recursos para vários estados, incluindo o Maranhão. Alegou, ainda, que a única emenda individual do senador para um estado fora do Tocantins foi para o Rio Grande do Sul, devido às chuvas, no valor de R$ 1 milhão.

Sobre Lizoel Bezerra, a assessoria informou que ele atuou apenas como motorista em campanhas políticas do senador, negando qualquer vínculo com o gabinete no Senado.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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