terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Para aliados de Bolsonaro, caso Marielle será "prévia" do resultado do julgamento sobre a tentativa de golpe

Os dois casos, segundo aliados de Bolsonaro, guardam semelhanças: o mesmo relator e o uso de delações premiadas ao longo das investigações

      (Foto: STF | Isac Nóbrega/PR)

Enquanto aguardam a apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado, aliados de Jair Bolsonaro (PL) acompanham atentamente outro caso que pode servir de termômetro para o ex-presidente, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo: o julgamento dos responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. A apuração está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o mesmo que conduz os processos contra Bolsonaro.

Para integrantes do PL, o desfecho do caso Marielle pode dar sinais sobre como o STF interpretará as provas e as delações premiadas que embasam a denúncia contra Bolsonaro. O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal em novembro do ano passado pela tentativa de impedir a posse do presidente Lula (PT).

O julgamento do caso Marielle ainda não foi agendado, mas deve ocorrer antes do de Bolsonaro. Entre as semelhanças que preocupam os aliados do ex-presidente está o uso de colaborações premiadas como peça-chave na investigação. No caso da vereadora, a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa foi determinante para destravar o inquérito. Já na trama golpista, os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tiveram papel semelhante, segundo a PF. A maneira como o STF avaliará a credibilidade e o impacto dessas delações no caso Marielle pode indicar o que acontecerá no processo contra Bolsonaro.

Outro ponto que desperta atenção é o ritmo dado por Alexandre de Moraes às investigações. No caso Marielle, o ministro tem adotado uma postura firme e célere. No núcleo bolsonarista, há a expectativa de que o mesmo ocorra com o caso da intentona golpista. Aliados do ex-presidente no meio jurídico já preveem que o STF buscará concluir o julgamento de Bolsonaro até dezembro deste ano, evitando que o caso se arraste para o período eleitoral de 2026.

A composição da Primeira Turma do STF, que julgará o caso Marielle, também está no radar bolsonarista. O colegiado é formado por Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e os dois ministros indicados por Lula: Cristiano Zanin e Flávio Dino. No ano passado, a turma aceitou por unanimidade a denúncia da PGR contra Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, acusados de homicídio qualificado e tentativa de homicídio. A decisão demonstrou um alinhamento entre os ministros em casos de grande repercussão.

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro avaliam que o julgamento do caso Marielle servirá como uma "prévia" para medir a adesão dos ministros às decisões de Moraes, incluindo a possibilidade de divergências na aplicação das penas.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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