sábado, 22 de fevereiro de 2025

Milei escapa de investigação no Congresso sobre criptogate

Mesmo com aumento das críticas, a proposta de investigar o presidente da Argentina não conseguiu o apoio necessário no Senado

Presidente da Argentina, Javier Milei, discursa em evento, em Montevidéu, no Uruguai - 06/12/2024 (Foto: REUTERS/Mariana Greif)

A semana foi marcada por intensos questionamentos à figura do presidente da Argentina, Javier Milei, após uma postagem polêmica em sua conta no X (antigo Twitter), onde promovia um investimento em criptomoeda que gerou grandes perdas e ganhos no mercado. A postagem foi rapidamente apagada por Milei, mas o dano à sua imagem já estava feito. A criptomoeda $LIBRA, mencionada no post, teve seu valor disparado e logo despencou, gerando desconfiança entre os investidores. A situação rapidamente ficou conhecida como o 'criptogate', alimentando um turbilhão de acusações.

Em meio à crise, a oposição não perdeu tempo e iniciou esforços para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, com o objetivo de investigar as relações do presidente com o mercado de criptomoedas e as possíveis implicações para o país. Para que a CPI fosse criada, eram necessários 48 votos a favor, mas o resultado da votação foi de 47 a 23, frustrando os planos de investigação da oposição. Apesar da pressão, o governo de Milei conseguiu barrar a proposta, embora o episódio tenha deixado profundas dúvidas sobre sua conduta.

A polêmica em torno da postagem também trouxe à tona a entrevista de Milei ao canal de televisão TN, na qual ele tentou se defender, alegando que o investimento era uma "aposta como um cassino", e enfatizando que o Estado não estava envolvido e que a postagem era pessoal. "O que eu fiz foi uma postagem pessoal. Não há envolvimento do Estado nisso", afirmou o presidente. No entanto, a entrevista acabou gerando mais controvérsias, com a interrupção feita por seu assessor, Santiago Caputo, que pediu ao entrevistador para reformular uma pergunta para evitar complicações jurídicas.

O caso tomou proporções ainda maiores após a investigação jornalística do Clarín, que revelou que mais de cem ações judiciais foram movidas contra Milei na Argentina. Além disso, grupos de investidores afetados pela queda da criptomoeda recorreram a escritórios de advocacia nos Estados Unidos, o que elevou a pressão sobre o governo.

Enquanto a crise política se desenrolava, Milei seguiu com sua viagem aos Estados Unidos para participar da Conferência da Ação Conservadora (CPAC) em Washington, a nona desde sua posse. Durante o evento, o presidente argentino se reuniu com Elon Musk, empresário e aliado político de figuras conservadoras. Na ocasião, Milei presenteou Musk com uma motosserra dourada, um presente simbólico relacionado aos cortes no Estado, o que gerou reações contrastantes. As imagens do encontro, com os dois sorridentes, circulando ao lado de assessores e a irmã de Milei, Karina, foram amplamente divulgadas na imprensa, alimentando ainda mais a imagem de um presidente próximo de empresários poderosos, enquanto servidores públicos da Argentina temem demissões.

As primeiras pesquisas de opinião após o episódio indicam que o 'criptogate' afetou negativamente a popularidade de Milei entre os argentinos, com muitos considerando a situação um reflexo de sua gestão controversa. O caso continua a ser um dos temas centrais no debate político, com novos capítulos aguardados nos próximos dias.

Fonte: Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário