sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Maria do Rosário sobre Bolsonaro: “um criminoso que não paga nem as próprias contas”

Parlamentar foi uma das primeiras vítimas do fascismo bolsonarista

Maria do Rosário (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) criticou duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a revelação de que ele vendeu joias recebidas em viagens oficiais para quitar uma indenização de R$ 20 mil imposta pela Justiça. A declaração foi dada em entrevista à Sputnik Brasil, que divulgou, na última quinta-feira (20), trechos da delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. O militar afirmou que Bolsonaro ordenou a venda dos itens para cobrir a condenação em um processo movido por Rosário.

"Quando eu recebi essa indenização, doei para entidades que trabalham com mulheres, porque eu sempre considerei que a violência não era só contra mim. O dano moral é de todas as mulheres brasileiras, pela misoginia que essas figuras fascistas carregam na vivência do Brasil. No entanto, quando ele diz que precisava praticar o roubo das joias que eram do Brasil, cria toda essa armação em torno disso, como relata o Mauro Cid. O que [Cid] está mostrando é que esse criminoso não paga sequer as próprias contas, não assume as próprias responsabilidades", afirmou Rosário.

A condenação judicial que motivou o pagamento da indenização remonta a 2015, quando Bolsonaro foi responsabilizado por ataques misóginos contra a deputada, incluindo a infame declaração de que ela "não merecia ser estuprada". Inicialmente, a multa era de R$ 10 mil, mas o montante dobrou devido aos juros pelo atraso no pagamento.

⊛ Denúncia contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado

Na entrevista, Rosário também comentou a recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas pelo crime de tentativa de golpe de Estado. Segundo a deputada, a presença majoritária de militares entre os denunciados reforça a necessidade de revisar a formação das Forças Armadas.

"Esse país precisa se perguntar que tipo de militares nós estamos formando para comandar as Forças Armadas brasileiras. Já é mais do que hora. Eu estou, inclusive, com uma proposta na Câmara dos Deputados que [prevê que] os colégios militares estejam sob a responsabilidade do Ministério da Educação, portanto civis, ficando aos militares a tarefa profissionalizante da área militar. Mas a ideologia, a perspectiva do que é trabalhado nas escolas militares, não pode ser avessa à Constituição na formação dos oficiais brasileiros. Esse é um elemento estrutural da democracia", defendeu.

Para Rosário, "não existe golpe sem militarismo", apontando que a ideologia golpista permeou setores das Forças Armadas durante o governo Bolsonaro. "Nesse momento, nós tivemos o absurdo maior possível de um presidente da República denunciado por toda forma de crime, toda ação criminosa, que, entre 2021 e 2023, no início de 2023, em tudo trabalhou, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, para impedir que outra pessoa, que outro candidato assumisse a Presidência da República […]. Um capitão que foi expulso do Exército por mau comportamento, um péssimo militar, um péssimo presidente, comandou generais e oficiais para tentar um golpe militar contra a Constituição e contra o Brasil", criticou.

⊛ Queda na popularidade do presidente Lula

A deputada também foi questionada sobre as recentes pesquisas que indicam uma queda na popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Rosário atribuiu essa queda a fatores externos e estratégias de desinformação.

"Uma campanha sórdida e a mudança, inclusive, nos padrões de colocação das matérias na internet, através dos algoritmos. Então a gente teve uma construção da imagem sobre o tema do Pix [polêmica sobre a fiscalização da Receita Federal de valores acima de R$ 5] que não tinha nada a ver com a verdade, mas foi, por dentro das diversas camadas sociais, sendo utilizada", explicou.

Apesar disso, Rosário reconheceu que o governo precisa agir para melhorar a situação econômica, especialmente no que diz respeito à inflação dos alimentos.

"O Brasil abriu muitos mercados fora e não tinha uma política de abastecimento. Está sendo retomado tudo com a Conab [Companhia Nacional de Abastecimento]. Então está muito claro para a gente que é preciso baixar o preço dos alimentos no mercado para a população. A carne, sobretudo os ovos, são matérias que a gente se preocupa pela qualidade de vida que é assegurada ou retirada da população. Mas a perspectiva nesse terreno é positiva, de reverter os problemas que estão existindo. Agora nós estamos indo para uma ofensiva muito grande", prometeu.

Fonte: Brasil 247

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