Em clima de indefinição sobre mudanças no primeiro escalão e após declarações polêmicas de Hugo Motta, o governo busca alinhar apoio no Congresso
Alexandre Padilha (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom - Agência Brasil)
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, convocou os líderes da base governista no Congresso para uma reunião na próxima quarta-feira (12), no Palácio do Planalto. O encontro tem como foco a definição das prioridades do governo para o ano, com destaque para a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
A pauta ganhou relevância em meio às discussões sobre a reforma ministerial e declarações recentes do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que cobrou do Executivo a necessidade de cortes de gastos e minimizou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, afirmando que os atos de vandalismo e violência para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não configuram uma tentativa de golpe.
De acordo com o jornal O Globo, o Planalto só divulgará sua lista oficial de prioridades após a reunião, com o objetivo de obter o apoio dos parlamentares para avançar nos projetos de interesse do governo. A estratégia, ao que tudo indica, busca um alinhamento com os congressistas e uma agenda que reflita as pautas com maior chance de sucesso, tanto na Câmara quanto no Senado. No mês passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já apresentou ao Congresso uma lista de 25 projetos prioritários, incluindo a isenção do IR, limitação de supersalários e a regulamentação das big techs.
Este será o primeiro encontro oficial de 2025 entre a articulação política do governo e os líderes das legendas aliadas. A reunião acontece em um momento de grande expectativa, pois o presidente ainda reflete sobre as mudanças em seu primeiro escalão, enquanto os partidos pressionam por mais espaços nos ministérios.
A reforma ministerial tem gerado tensão entre as siglas aliadas, especialmente entre o PSD, PP e União Brasil, que aguardam definições sobre os cargos que ocuparão no futuro rearranjo ministerial. Ainda conforme a reportagem, a expectativa no Planalto é de que as mudanças, de fato, ocorram apenas em março. Nesse cenário, até mesmo um deslize de Lula é interpretado como um sinal pelos partidos. Na semana passada, em uma entrevista a rádios de Minas Gerais, Lula citou o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como possível ministro e mencionou o Ministério do Turismo, atualmente comandado por Celso Sabino (União Brasil), o que gerou especulações sobre o futuro desta pasta.
O PSD atualmente ocupa três ministérios no governo Lula: Minas e Energia, Pesca e Agricultura. Nos últimos dias, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, indicou ao governo seu interesse em trocar a pasta da Pesca pela do Turismo, que possui orçamento três vezes superior.
Além das mudanças no primeiro escalão, o governo também tem ficado em alerta no que diz respeito às declarações de Hugo Motta, que em sua primeira semana à frente da Câmara afirmou que o governo de Lula não pode se isolar e precisa cortar gastos. A fala do presidente da Câmara, que também minimizou os eventos de 8 de janeiro, gerou polêmica e foi criticada por governistas. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) expressou seu descontentamento, afirmando que negar a tentativa de golpe é "um verdadeiro absurdo", especialmente após as evidências apresentadas na CPI e nas investigações do STF.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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