segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

General acusado por morte de Rubens Paiva é alvo de escracho no RJ: ‘ainda estamos aqui’

José Antônio Belham foi indiciado pelo Ministério Público Federal pelo homicídio e desaparecimento de Rubens Paiva

Ação partiu do Levante Popular da Juventude (Foto: Reprodução- levante)

Na manhã desta segunda-feira (24), militantes do Levante Popular da Juventude realizaram um protesto em frente à casa do ex-general José Antônio Nogueira Belham, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A manifestação, que reuniu cerca de 100 jovens, relembrou os 29 anos do reconhecimento formal da morte do ex-deputado federal Rubens Paiva, vítima da ditadura militar, e cobrou punição para militares envolvidos em crimes cometidos durante o regime. As informações são do Brasil de Fato.

O ato seguiu o formato de "escracho", uma forma de protesto que denuncia publicamente pessoas acusadas de violações de direitos humanos. Com faixas, cartazes e intervenções artísticas, os manifestantes pediram justiça para as vítimas da ditadura e o fim da impunidade. "Hoje nós estivemos na casa de José Antônio Belham, pedindo justiça por Rubens Paiva e reivindicando que nós ainda estamos aqui", afirmou Daiane Araújo, militante do Levante e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Belham foi comandante do DOI-CODI do 1º Exército, no Rio de Janeiro, entre 1970 e 1971, e é apontado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) como um dos responsáveis pela tortura, desaparecimento e assassinato de Paiva. Ele e outros quatro militares foram indiciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por crimes como associação criminosa, fraude processual, tortura, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. No entanto, o processo aguarda uma decisão judicial sobre a aplicação da Lei da Anistia.

Durante a manifestação, Daiane Araújo destacou a importância de garantir que crimes cometidos na ditadura sejam julgados. "Hoje, nós pedimos que a Lei da Anistia não se aplique aos casos de tortura, desaparecimento forçado e assassinato das vítimas da ditadura. Nós também exigimos que os militares vinculados aos crimes da ditadura e aos ataques golpistas percam seus títulos, direitos e benefícios das Forças Armadas. A justiça é a memória do nosso povo", declarou.

Rubens Paiva foi preso em 20 de janeiro de 1971, em sua casa no Rio de Janeiro, por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa). Levado inicialmente para um quartel da Força Aérea Brasileira (FAB), ele foi brutalmente torturado e depois transferido para o DOI-CODI, onde, segundo a CNV, foi assassinado. Sua esposa, Eunice Paiva, esperou 25 anos pelo reconhecimento oficial de sua morte, obtendo o atestado de óbito apenas em 1996.

A manifestação desta segunda-feira reflete o esforço contínuo de grupos de direitos humanos para cobrar justiça e preservar a memória das vítimas da ditadura militar, reafirmando a necessidade de responsabilização dos envolvidos nesses crimes.

Fonte: Brasil 247 com informações do Brasil de Fato

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