segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Ex-chefes militares se mobilizam em defesa de general denunciado por golpe

 

O general da reserva Estevam Theophilo é um dos denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pela trama golpista de 2022. Foto: Reprodução
O general da reserva Estevam Theophilo, incluído na lista de denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação na articulação de um golpe de Estado, tem mobilizado membros do Alto Comando do Exército de 2022.

Três generais afirmaram que oficiais de alta patente estão dispostos a defender Theophilo no Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive prestando testemunho caso ele se torne réu, conforme informações da Folha de S.Paulo.

☉ A denúncia

Na última terça-feira (18), a PGR apresentou uma denúncia contra Jair Bolsonaro (PL) e outros 33 acusados de planejar um golpe de Estado, incluindo 23 militares, entre eles sete oficiais-generais e ex-comandantes das Forças Armadas.

Além de Theophilo, a lista inclui Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Paulo Sérgio Nogueira (ex-comandante do Exército), Augusto Heleno e Braga Netto (generais quatro estrelas).

Ex-chefes militares argumentam que a denúncia contra Theophilo se baseia em conversas de terceiros, sem provas concretas de sua participação ativa na trama golpista. Trechos da delação do tenente-coronel Mauro Cid podem ser utilizados na defesa do general.

Segundo a PGR, Theophilo aceitou “coordenar o emprego das forças terrestres” para viabilizar o golpe e impedir a posse do presidente Lula (PT). Na época, Theophilo era chefe do Comando de Operações Terrestres, responsável pelo preparo e emprego do Exército. Embora essa estrutura não tenha tropas próprias, cabe a ela definir diretrizes para operações militares.

A PGR sustenta que, em 9 de dezembro de 2022, Bolsonaro fez alterações no decreto golpista e chamou Theophilo para discutir sua implementação.

Como prova, o procurador-geral Paulo Gonet apresentou uma mensagem enviada por Mauro Cid ao coronel Cleverson Magalhães, assessor de Theophilo, enquanto a reunião entre o general e Bolsonaro ainda acontecia. No texto, Cid escreveu: “Mas ele quer fazer… Desde que o Pr [presidente] assine”.

Para a PGR, essa mensagem confirma que Theophilo estava comprometido a executar as medidas necessárias para viabilizar a ruptura institucional, desde que Bolsonaro assinasse o decreto.

No entanto, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, Mauro Cid deu uma versão diferente sobre a postura do general diante das conspirações golpistas. Ele afirmou que Theophilo e outros oficiais esperavam uma ordem formal do Alto Comando para agir, mas que ninguém romperia o círculo da legalidade por conta própria.

“O general Theophilo seguia a mesma linha. O grande discurso que havia entre eles era: ‘Se tiver uma ordem do Alto Comando, a gente faz’. Mas ninguém ia romper o círculo da legalidade, por mais que houvesse opiniões pessoais sobre o assunto”, declarou Cid.

☉ A mobilização

Ainda antes da denúncia, a defesa de Theophilo reuniu depoimentos escritos de ex-comandantes do Exército, incluindo Freire Gomes, Júlio Cesar de Arruda e Fernando Soares, em sua defesa.

No documento enviado ao STF, Freire Gomes afirmou que “o general Theophilo sempre esteve voltado inteiramente à atividade militar e se absteve de questões políticas”. “Seu assessoramento a este então comandante foi basicamente em aspectos relacionados com as atividades da caserna, abstendo-se de aspectos políticos ou assemelhados”, escreveu Freire Gomes.

Já Júlio Cesar de Arruda, que comandou o Exército no início do governo Lula, descreveu Theophilo como “extremamente disciplinado, honesto, leal e camarada”, acrescentando que só tinha a “agradecer imensamente” pelo tempo em que conviveram.

O general Fernando Soares declarou que “nunca presenciou nenhuma manifestação ilegal” por parte de Theophilo. “Sempre o vi primando pela lei, pela obediência as normas em vigor, a camaradagem com os pares e subordinados e a lealdade absoluta aos seus comandantes”, completou

Os ex-comandantes do Exército Freire Gomes e Júlio Cesar de Arruda e o ex-chefe do Estado-Maior do Exército Fernando Soares. Foto: Reprodução

Fonte: DCM com informações da Folha de S. Paulo

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