quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Economista brasileiro que premiou Milei foi condenado por uso indevido de recursos públicos

Segundo o TCU, Enríquez García desviou recursos públicos e cometeu irregularidades como nepotismo, uso de ativos públicos para benefício próprio e fraudes

Javier Milei recebe a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) na Casa Rosada (Foto: Divulgação/Twitter @OPRArgentina)

 O economista brasileiro Manuel Enríquez García, que entregou ao presidente argentino Javier Milei o prêmio de "Economista do Ano" nesta terça-feira (25), foi inabilitado por cinco anos para exercer cargos públicos no Brasil em 2019, após ser condenado por uso indevido de recursos durante sua gestão no Conselho Econômico Regional de São Paulo (Corecon-SP), informa o portal argentino El Destape Web.

A condenação, emitida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), acusou Enríquez de utilizar sua posição como presidente do Corecon-SP entre 2012-2014 e 2016-2018 para obter vantagens indevidas. Segundo o tribunal, ele desviou recursos públicos para a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), uma entidade privada sem fins lucrativos, e cometeu irregularidades como nepotismo, uso de ativos públicos para benefício próprio e fraudes em contratos.

O TCU também destacou gastos considerados "contrários aos objetivos" do Corecon-SP, como a organização de eventos sociais, festas e a compra de um veículo de luxo para a frota do órgão público. Em sua resolução, o tribunal considerou "graves as irregularidades cometidas pelo senhor Manuel Enríquez García".

◎ Premiação a Milei gera polêmica - A entrega do prêmio a Milei, realizada no gabinete presidencial da Casa Rosada, em Buenos Aires, já havia gerado críticas de entidades brasileiras. A Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED) emitiu uma nota de repúdio, classificando a escolha de Milei como "legitimação de um projeto econômico destrutivo e antidemocrático".

"A suposta estabilização da inflação, amplamente exaltada por seus defensores, nada mais é do que a repetição de políticas desastrosas de supervalorização do peso, historicamente responsáveis por sucessivas crises no balanço de pagamentos do país", afirmou a ABED. A associação também criticou o alinhamento de Milei com as políticas do ex-presidente americano Donald Trump, que representam, segundo a entidade, "forças reacionárias que atentam contra a soberania nacional e os direitos dos povos".

◎ Repercussão internacional - A premiação ocorre em um momento de crise econômica na Argentina, marcada por recessão, desigualdade e desmonte de políticas sociais. Milei, que assumiu a presidência em dezembro de 2023, tem sido criticado por sua agenda ultraliberal, que inclui cortes drásticos nos gastos públicos e desregulamentação da economia.

A escolha de Enríquez para entregar o prêmio também levanta dúvidas sobre a credibilidade da OEB. Em sua nota, a ABED afirmou que a atual direção da entidade "não fala em nome dos economistas brasileiros" e demonstra "oportunismo ao tentar legitimar políticas que aprofundam desigualdades e fragilizam a soberania nacional".

Fonte: Brasil 247 com informações do portal argentino El Destape Web

Nenhum comentário:

Postar um comentário