quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Desemprego de 6,5% é o menor para o trimestre encerrado em janeiro desde 2012

Após queda histórica, índice volta a crescer. Cenário, no entanto, ainda é melhor do que no mesmo período de 2024

        Carteira de trabalho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A taxa de desocupação no Brasil subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta terça-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (agosto a outubro de 2024), quando a taxa era de 6,2%. Trata-se da segunda alta consecutiva após o menor nível já registrado na série histórica, que foi de 6,1% no trimestre móvel de setembro a novembro do ano passado.

Apesar do aumento recente, o mercado de trabalho continua em melhor situação do que no mesmo período de 2024, quando a desocupação atingia 7,6%. No trimestre encerrado em janeiro deste ano, o número de pessoas sem trabalho chegou a 7,2 milhões, um crescimento de 5,3% (mais 364 mil indivíduos) em relação ao trimestre anterior. Em comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, houve uma queda de 13,1% no total de desempregados, o que equivale a menos 1,1 milhão de pessoas fora do mercado.

O total de trabalhadores ocupados no Brasil atingiu 103 milhões, o que representa uma queda de 641 mil pessoas (-0,6%) na comparação com o trimestre anterior. No entanto, na comparação anual, houve um avanço de 2,4%, com um acréscimo de 2,4 milhões de trabalhadores. O nível de ocupação, que mede o percentual de pessoas empregadas na população em idade ativa, caiu de 58,7% para 58,2% na comparação trimestral, mas segue superior ao registrado no mesmo período de 2024 (57,3%).

Para William Kratochwill, analista do IBGE, os números refletem um cenário de ajuste no mercado de trabalho. “A taxa de desocupação para este trimestre, de 6,5%, foi menor do que em 2024 no mesmo trimestre (7,6%), ou seja, houve grande evolução. No entanto, a variação de 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre terminado em outubro do ano passado foi a maior desde 2017 (0,8 p.p.), igualando 2019”, explicou.

Informalidade recua e mercado formal se mantém estável - A taxa de informalidade, que mede o percentual de trabalhadores sem vínculo formal, caiu para 38,3% no trimestre encerrado em janeiro, o que corresponde a 39,5 milhões de pessoas. O índice foi inferior ao registrado no trimestre móvel anterior (38,9%) e no mesmo período do ano passado (39%). A queda está atrelada à redução no número de trabalhadores sem carteira assinada (13,9 milhões), enquanto o total de trabalhadores por conta própria (25,8 milhões) permaneceu estável.

Já o número de trabalhadores do setor privado com carteira assinada ficou em 39,3 milhões, sem variações significativas na comparação com o trimestre anterior. No entanto, frente ao mesmo período de 2024, houve um crescimento de 3,6%, evidenciando a recuperação gradual do mercado formal.

Setor público e agropecuária puxam queda no emprego - Nenhuma das dez principais atividades econômicas analisadas pela pesquisa registrou crescimento na ocupação no trimestre encerrado em janeiro. Duas delas apresentaram queda no número de trabalhadores: Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-2,5%, com menos 469 mil pessoas) e Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,1%, com menos 170 mil trabalhadores).

O pesquisador do IBGE atribui essa queda a um movimento sazonal. “Os dados mostram que no início de cada ano há um movimento de desligamentos na Administração pública, saúde e educação, e mesmo com a redução de 2,5% em relação ao trimestre anterior, esse grupo está 2,9% maior do que no mesmo trimestre do ano anterior”, analisou.

Por outro lado, na comparação anual, cinco setores apresentaram crescimento na ocupação: Indústria Geral (2,7%, ou mais 355 mil trabalhadores), Construção (3,3%, ou mais 246 mil), Comércio e reparação de veículos (3,4%, ou mais 654 mil), Informação e atividades financeiras (2,9%, ou mais 373 mil) e Administração pública e serviços sociais (2,9%, ou mais 523 mil).

Rendimento cresce, mas massa salarial fica estável - O rendimento médio real habitual dos trabalhadores no trimestre de novembro de 2024 a janeiro de 2025 foi de R$ 3.343, o que representa um aumento de 1,4% em relação ao trimestre encerrado em outubro e uma alta de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Já a massa de rendimento real habitual, que soma os salários de todos os trabalhadores, atingiu R$ 339,5 bilhões, um crescimento de 6,2% na comparação anual (mais R$ 19,9 bilhões). No entanto, o indicador se manteve estável na comparação trimestral, refletindo a leve queda na população ocupada.

“O movimento da massa de rendimento real pode ser explicado pela variação do volume de trabalhadores ocupados ou pela variação salarial. Neste trimestre, a população ocupada aumentou 2,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, um crescimento superior a 2 milhões de trabalhadores. Esse crescimento explica, em parte, o aumento da massa de rendimento em 6,2%, alcançando R$ 339,5 bilhões”, explicou Kratochwill.

Perspectivas para o mercado de trabalho - Apesar do aumento na taxa de desocupação no trimestre encerrado em janeiro, os números ainda indicam um mercado de trabalho mais aquecido do que no ano anterior. A queda da informalidade e a estabilidade no emprego formal reforçam a tendência de recuperação do setor, mesmo diante de oscilações sazonais.

Os desafios, no entanto, seguem presentes, principalmente no que diz respeito à desaceleração da ocupação em setores estratégicos como o setor público e a agropecuária. O comportamento do mercado de trabalho nos próximos meses dependerá do ritmo da economia e das políticas públicas voltadas à geração de emprego e renda no país.

Fonte: Brasil 247

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