Advogados alegam mudanças de versão e questionam voluntariedade do acordo
A defesa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, vai apresentar um pedido de anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. A colaboração de Cid é peça central nas investigações da Polícia Federal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, além de ter embasado a denúncia encaminhada na terça-feira (20) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, o advogado de Braga Netto, José Luís Oliveira Lima, deve protocolar o pedido nos próximos dias. A mesma estratégia será adotada pela defesa de Jair Bolsonaro, segundo anúncio do advogado Celso Vilardi. Ambos argumentam que a delação de Mauro Cid possui inconsistências graves devido a alterações em seus depoimentos ao longo do processo.
Oliveira Lima critica há muito tempo a colaboração de Cid, enfatizando as mudanças em seu relato e questionando se o acordo foi feito de maneira espontânea. Segundo o advogado, a defesa baseará o pedido de anulação na "nulidade do acordo de colaboração considerando as inúmeras inconsistências decorrentes das mudanças de suas versões, bem como a manifesta ausência de voluntariedade, que já era presumível a partir do áudio divulgado pela imprensa, mas ficou evidente a partir da análise dos autos".
Os áudios mencionados foram revelados pela revista Veja em março de 2024. Neles, Mauro Cid afirmou que os investigadores pressionaram para que ele apresentasse informações específicas, dizendo: "eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu". Em outro trecho, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, dizendo: "O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação".
O pedido de nulidade será submetido ao próprio ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. A expectativa, então, é de que a solicitação seja rejeitada.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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