Estudo também revela que 60% dos argentinos acreditam que o episódio representa uma fraude e 40% defendem que a Justiça deve investigar o caso
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pela consultoria Zuban Córdoba revelou que sete em cada dez argentinos enxergam o chamado "criptogate" como a pior crise enfrentada pelo presidente Javier Milei desde que assumiu o cargo, informa a C5N. O escândalo estourou após Milei recomendar publicamente o token $LIBRA, o que desencadeou um forte debate sobre ética e transparência na gestão presidencial.
"Um único tuíte publicado três minutos após o fechamento dos mercados foi suficiente para desatar uma crise política sem precedentes e cuja profundidade ainda é difícil de dimensionar", afirmou a consultoria em seu relatório.
De acordo com a pesquisa, 66,7% dos entrevistados concordam com a afirmação de que "o criptogate é a maior crise de Javier Milei desde que assumiu", enquanto 24,9% discordam e 8,4% declararam "não saber". O estudo também revelou que 60% dos argentinos acreditam que o episódio representa uma fraude e 40% defendem que a Justiça deve investigar o caso. Apenas 10% dos entrevistados concordam com uma investigação interna, como sugeriu o governo.
Outro ponto relevante é que 70% dos consultados se mostraram favoráveis a um maior controle sobre as ações de Milei como presidente. Entre aqueles que votaram no libertário no segundo turno, pouco mais de 40% compartilham dessa opinião.
◉ Milei tenta desviar atenção com ataques a opositores e à imprensa - Diante da pressão crescente pelo escândalo, Milei tem tentado desviar o foco da crise com ataques direcionados a opositores e ao jornalismo. Em meio às polêmicas envolvendo o caso $LIBRA, o presidente embarcou nas acusações feitas pelo jornalista Jonatan Viale contra colegas de profissão, sugerindo que alguns receberam pagamentos de políticos.
A estratégia de Milei se intensificou após a divulgação de um vídeo que mostrava restrições impostas pelo governo para uma entrevista concedida a Viale, onde o presidente buscava limpar sua imagem diante da crise. O jornalista, em seu programa na emissora TN, acusou ex-colegas do La Nación de terem recebido dinheiro do ex-prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, sem, no entanto, mencionar nomes.
Aproveitando-se das acusações, Milei cobrou investigação por parte da Justiça, ao mesmo tempo em que mirou críticas contra o ex-presidente Mauricio Macri. "A justiça deveria investigar, segundo o que foi dito na TN, se o ex-pré-candidato à presidência que obteve 11 pontos utilizou recursos públicos para sua campanha ou para caluniar outros candidatos", escreveu Milei em sua conta na rede social X (antigo Twitter).
O presidente também ironizou o silêncio de setores que, segundo ele, costumam se apresentar como defensores da transparência. "Casualmente, omitem que seu chefe, cabeça de lista e candidato presidencial, foi acusado de pagar jornalistas com dinheiro dos contribuintes", acrescentou. Ainda sem citar nomes, Milei fez referência direta a Macri ao questionar os que criticam sua gestão: "os que questionam meu entorno deveriam se perguntar que tipo de gente apoiaram todos esses anos. Nem eles nem os que sentem falta desses pagamentos estão contra mim, mas contra o futuro de todos os argentinos. Eu apenas estou no meio e não vou me mover", concluiu, reafirmando seu bordão "Viva la libertad, carajo!".
Fonte: Brasil 247 com informações da C5N
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