O nome da recém-formada aparece no site do órgão como "inscrito" desde 26 de dezembro de 2024, com situação "regular" e sem especialidade registrada
Alicia Dudy Muller (Foto: Reprodução)
Mesmo condenada a cinco anos de prisão pelo desvio de quase R$ 1 milhão da festa de formatura da turma de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a jovem Alicia Dudy Muller Veiga conseguiu o registro como médica no Conselho Federal de Medicina (CFM). De acordo com informações do jornal Estado de S.Paulo, o nome da recém-formada aparece no site do órgão como "inscrito" desde 26 de dezembro de 2024, com situação "regular" e sem especialidade registrada.
Alicia foi sentenciada em julho de 2024 pelo crime de estelionato, após a Justiça considerar que ela usou dinheiro da comissão de formatura para fins pessoais. Na época, sua defesa negou as acusações e anunciou que recorreria da decisão. A reportagem tentou contato com seus advogados para esclarecimentos sobre o registro médico e o cumprimento da pena, mas não obteve resposta.
⊛ O golpe da formatura
O caso veio à tona no início de 2023, quando estudantes de Medicina da USP registraram um boletim de ocorrência contra a então colega de turma. Alicia era presidente da comissão de formatura e, segundo as investigações, utilizou os valores arrecadados pelos alunos para gastos pessoais, incluindo a compra de celulares, relógios, aluguel de carros e despesas com moradia.
A denúncia do Ministério Público, assinada pelo promotor Fabiano Pavan Severiano, apontou que a jovem realizou transferências bancárias em benefício próprio por pelo menos oito vezes, totalizando R$ 927.765,33. Ela ainda tentou um nono repasse, em janeiro de 2023, mas a empresa responsável pela organização da festa já estava ciente da situação e recusou a transação.
Em um primeiro momento, Alicia negou o desvio de dinheiro. Posteriormente, admitiu aos colegas de turma que havia perdido os recursos, alegando que os valores foram investidos em uma aplicação financeira fraudulenta.
⊛ Histórico de acusações
Além da condenação pelo golpe da formatura, Alicia Dudy Muller Veiga é alvo de outro inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro e estelionato. Em julho de 2022, a jovem teria aplicado um golpe em uma lotérica, gastando mais de R$ 400 mil em apostas. No entanto, em sua última tentativa de jogo, teria deixado de pagar R$ 192 mil ao estabelecimento.
A Polícia Civil investiga se o dinheiro usado nas apostas veio do montante desviado da formatura. Esse caso, contudo, ainda não foi julgado.
⊛ Registro médico e polêmica
Apesar da condenação e do histórico de investigações, Alicia obteve seu registro profissional no CFM e pode atuar como médica no Brasil. A regularização de sua inscrição levanta questionamentos sobre os critérios de concessão do CRM, já que não há impeditivo automático para condenados pela Justiça exercerem a profissão.
O caso segue gerando repercussão e levanta debates sobre ética profissional e as consequências de crimes financeiros para o futuro acadêmico e profissional dos envolvidos.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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