Relatório da OEA pode favorecer Bolsonaro para agradar governo Trump, principal financiador da entidade
Jair Bolsonaro - 25/11/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Jair Bolsonaro (PL) se reuniu nesta quinta-feira (13) com integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) para apresentar suas queixas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles. A reunião foi conduzida pelo advogado colombiano Pedro Vaca Villarreal, relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão vinculado à OEA.
A visita da comitiva a Brasília teve como objetivo ouvir diferentes versões sobre a atuação de Moraes, incluindo a de críticos e a do próprio magistrado. Antes de Bolsonaro, Vaca já havia colhido depoimentos do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do próprio Alexandre de Moraes.
Bolsonaro saiu otimista do encontro e destacou que o relator da CIDH demonstrou interesse em seu relato. “Conversamos por cerca de 50 minutos. Ele [Pedro Vaca Villarreal] se mostrou interessado no que eu falava e disse que vai fazer um relatório sincero sobre o que está acontecendo aqui no Brasil”, afirmou. Durante a conversa, Bolsonaro reforçou sua narrativa de que estaria sendo alvo de uma suposta “perseguição política” conduzida pelo STF, alegando que Moraes manipula depoimentos, realiza "pesca probatória" e ordena prisões sem denúncia formalizada.
A visita da OEA ao Brasil resultará na produção de um relatório que poderá aumentar a pressão sobre a atuação do STF. A CIDH, responsável por investigações de violações de direitos humanos nas Américas, tem influência no debate jurídico global e pode produzir um documento com impacto político relevante.
Além das implicações jurídicas e institucionais, o relatório da OEA também carrega um fator geopolítico. O principal financiador da entidade é o governo dos Estados Unidos, que, sob a gestão de Donald Trump, já demonstrou alinhamento com Bolsonaro. No entorno do presidente norte-americano, há dois desafetos diretos de Moraes: o empresário Elon Musk e o estrategista Jason Miller, ambos alvos de decisões judiciais do magistrado brasileiro.
O financiamento norte-americano à OEA pode influenciar na forma como o relatório será elaborado. Atualmente, os EUA destinam cerca de US$ 52 milhões anuais à organização, o que representa metade do orçamento total da entidade. A relação política entre os países e as decisões de financiamento podem ter impacto na condução da investigação e na redação do relatório final.
A reunião de Bolsonaro com a CIDH ocorre em um momento em que ele enfrenta múltiplas investigações e inquéritos no Brasil, incluindo apurações sobre sua participação em uma tentativa de golpe de Estado. Apesar disso, o ex-presidente busca consolidar apoio internacional para reforçar sua narrativa de perseguição política, apostando na repercussão do relatório da OEA para enfraquecer o Judiciário.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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