quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Barroso defende Alexandre de Moraes, atacado pelo governo Donald Trump: 'a narrativa golpista não vai prevalecer no Brasil'

De acordo com o presidente do STF, a Corte agiu 'para evitar o colapso das instituições e um golpe de Estado no país'

Ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes durante sessão do STF em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou nesta quinta-feira (27), em Brasília (DF), o argumento de que as manifestações terroristas do 8 de janeiro de 2023 não podem ser interpretadas como uma tentativa de golpe, porque, segundo os participantes dos atos, a ruptura institucional não aconteceu. O ministro fez o alerta após o governo americano de Donald Trump (Partido Republicano) atacar o STF verbalmente.

“Nós sabemos o que tivemos que passar para evitar o colapso das instituições e um golpe de Estado no Brasil. A tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram um golpe fracassado não haverá de prevalecer entre as pessoas verdadeiramente de bem e democratas. O Supremo Tribunal Federal continuará a cumprir o seu papel de guardião da Constituição e da democracia. Não tememos a verdade e muito menos a mentira”, declarou Barroso em sessão de julgamentos.

Em comunicado oficial, o Bureau de Assuntos para o Hemisfério Ocidental, órgão vinculado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, classificou como "censura" as multas aplicadas por Alexandre de Moraes contra plataformas digitais que descumpriram ordens de bloqueio de perfis em redes sociais. "O respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil", afirmou o departamento norte-americano.

O ministro Alexandre de Moraes vem tendo atuação de destaque em investigações como a das milícias digitais (fake news), a do plano golpista e a de fraudes em cartões de vacinação. A Polícia Federal indiciou Bolsonaro em três inquérito - golpe, fraudes em cartões de vacina, e venda ilegal de joias. Em um deles, o ex-mandatário foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República. As outras duas investigações estão em andamento.

A ofensiva dos EUA não ocorre por acaso. O Trump Media & Technology Group, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble entraram com uma ação em um tribunal dos Estados Unidos contra Moraes.

As empresas buscavam uma decisão que as isentasse de cumprir determinações do magistrado brasileiro, como a remoção de contas de um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) de suas plataformas. A Justiça americana rejeitou o pedido.

Estrategista do presidente Donald Trump (Partido Republicano), Steve Bannon influenciou políticos de direita em nível global a criticar o Judiciário e ao sistema eleitoral, no intuito de passar para a população a mensagem de que a Justiça atrapalha a governabilidade da extrema-direita.

Nos últimos anos, partidos de oposição do campo progressista (esquerda), dentro e fora do Brasil, denunciaram que a estratégia defendida pelo estrategista norte-americano e pelo bolsonarismo no Brasil tem como objetivo centralizar o poder e, em consequência, aumentar a probabilidade de um golpe de Estado.

Em janeiro de 2021, quando Donald Trump perdeu a eleição, vários apoiadores invadiram o Legislativo e acusaram o sistema eleitoral de ser fraudulento.

O estrategista americano teve um encontro com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA após o segundo turno da eleição no Brasil e aconselhou o parlamentar a questionar o resultado.

No Brasil, houve tentativa de golpe durante o governo bolsonarista. A Procuradoria-Geral da República denunciou Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas no inquérito do plano golpista, que, segundo investigadores, tinha como uma de seus objetivos os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes. O STF analisa o caso.

Bolsonaro já está inelegível após decisão do Tribunal Superior Eleitoral em 2023. O motivo foram declarações golpistas em 2022, quando o político da extrema-direita afirmou a embaixadores, em Brasília, que o sistema eleitoral brasileiro não tem segurança contra fraudes.

Ministros do STF também já emitiram mais de 370 condenações na investigação dos atos golpistas, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes. Novos julgamentos acontecerão.

Fonte: Brasil 247

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