Uma das questões levantadas é se a produção de biocombustíveis, como biodiesel de soja e etanol de milho, contribui para o aumento dos preços
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agronegócio (Foto: Joédson Alves/ABr | Jorge Adorno/Reuters)
A crescente preocupação do governo Lula com o impacto do aumento nos preços dos alimentos, especialmente o óleo de soja, levou seus auxiliares a buscar explicações sobre as causas da escalada de preços, que em 2024 alcançou quase 30% de aumento. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, uma das principais questões levantadas é se a crescente produção de biocombustíveis, como o biodiesel feito a partir de óleo de soja e o etanol derivado do milho, estaria contribuindo para o fenômeno.
Em uma entrevista na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou frustração com os preços do óleo de soja, que saltaram de R$ 4 para quase R$ 10 desde sua posse. "Quero saber se a soja para o biodiesel está criando problema; quero saber se o milho para o etanol está criando problema", afirmou Lula, destacando que não pode fazer afirmações sem antes consultar os empresários do setor.
Em resposta, representantes empresariais estão colaborando com o governo, oferecendo dados sobre o aumento da produção de biocombustíveis, que alegam não ser a principal causa do aumento no preço dos alimentos. Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), afirmou que o aumento da produção de etanol de milho ocorre principalmente em áreas já utilizadas para a soja, sem competir com a produção de alimentos. Ele garantiu que a produção de etanol de milho não interfere diretamente nos preços dos alimentos, mas sim contribui para a segurança alimentar ao oferecer mais farelo para ração animal.
Ainda de acordo com a reportagem, as informações enviadas ao governo indicam que fatores como o câmbio e a quebra da safra de soja no Brasil têm mais impacto no aumento dos preços do que a produção de biocombustíveis. José Carlos Hausknecht, sócio da MB Agro Consultoria, apontou que a demanda chinesa por soja brasileira aumentou significativamente devido às tensões comerciais com os Estados Unidos, o que também afetou os preços internos.
Porém, a mistura de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, continuará a aumentar, com previsões de acréscimos de 1% para o biodiesel e até 35% para o etanol até 2030. A expansão está preocupando os produtores, que, embora aleguem que a capacidade produtiva atual de óleo de soja pode atender às necessidades, indicam que novos investimentos serão necessários para lidar com o aumento da demanda futura.
O governo tem se debruçado sobre esses dados e, até o momento, não emitiu uma posição definitiva sobre as causas da alta, mas continua a reunir informações com o setor produtivo para tomar decisões mais embasadas. O cenário de aumento de preços, particularmente nos alimentos, já afeta a popularidade do presidente, com uma pesquisa recente indicando que 80% dos brasileiros notaram os aumentos no custo da alimentação.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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