Cidade de São Paulo registrou, em 2024, o maior número de casos de dengue dos últimos dez anos, com 623.437 casos confirmados e 475 mortes
A Prefeitura de São Paulo tem enfrentado dificuldades na manutenção das armadilhas contra o mosquito Aedes aegypti, um dos principais vetores da dengue. Instalada pela gestão de Ricardo Nunes, a tecnologia foi adquirida por R$ 400 por unidade, com a promessa de ser eficaz no combate à doença. Entretanto, relatos indicam que, devido à falta de manutenção regular, as armadilhas têm se tornado, muitas vezes, criadouros do próprio mosquito, agravando a situação.
Segundo informações obtidas pela Folha de S. Paulo, as mais de 20 mil armadilhas espalhadas pela cidade deveriam passar por manutenção mensal ou bimestral, conforme o fabricante. No entanto, há registros de atrasos que chegam de um a até seis meses. Esse descaso resulta na perda da eficácia do larvicida contido nos equipamentos e no acúmulo de água parada, criando um ambiente ideal para a proliferação de larvas do Aedes aegypti. Especialistas alertam que esse descumprimento da manutenção compromete todo o esforço da prefeitura no combate à doença, enquanto a população sofre com os impactos da falta de ação.
A situação foi confirmada por moradores da zona leste, oeste e sul, que receberam as armadilhas em 2024. Muitos, após perceberem o efeito contrário das armadilhas — que atraíam mosquitos devido à falta de manutenção —, devolveram os equipamentos à Prefeitura. Os equipamentos em questão, baldes pretos com água, foram projetados para atrair fêmeas do Aedes aegypti e conter substâncias que, quando o mosquito entra em contato, ajudam no controle da população do inseto. Contudo, o funcionamento das armadilhas depende da reposição regular dos sachês com o larvicida e o fungo que controlam a infestação. De acordo com o médico epidemiologista André Ribas Freitas, é comum que armadilhas contra dengue se tornem focos de proliferação. "A maior parte dos problemas está na manutenção, porque o formato da armadilha acaba permitindo que ela acumule água", explicou Freitas, destacando que o desafio é grande quando se tenta replicar soluções eficazes de laboratório na prática.
O Ministério Público de São Paulo também está investigando a situação. Um inquérito civil foi aberto para apurar possíveis irregularidades na aquisição e na manutenção das armadilhas, com gastos que já superam os R$ 35 milhões. Além disso, a Controladoria Geral do Município (CGM) iniciou uma sindicância sigilosa sobre as falhas nos processos, sem que a Prefeitura tenha dado respostas claras sobre as metodologias de avaliação da eficácia dos equipamentos.
A questão da manutenção das armadilhas ocorre em um momento crítico para a cidade, que registrou, em 2024, o maior número de casos de dengue dos últimos dez anos, com 623.437 casos confirmados e 475 mortes. A crise de saúde foi reconhecida pelo governo estadual, que decretou situação de emergência devido à epidemia. O número de casos e óbitos continua crescendo, com 124.038 casos confirmados e 113 mortes até a última atualização, sendo a maioria infectada pelo sorotipo 2 do vírus.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário