quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Após denúncia da PGR, Flávio Bolsonaro insiste em candidatura do pai para 2026, mas admite nome alternativo da direita

Senador afirma que Jair Bolsonaro registrará candidatura mesmo estando inelegível e cita Tarcísio, Michelle e Ratinho Júnior como opções


Um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que trata Jair Bolsonaro como líder de uma tentativa de golpe para se manter no poder, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que seu pai se manterá como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. No entanto, ele reconheceu que a direita poderá ter outros nomes viáveis na disputa. Segundo o senador, mesmo inelegível, o ex-presidente registrará sua candidatura e, "lá na frente, se for necessário", pode apoiar um nome alternativo.

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador revelou que partidos do Centrão já trabalham com um cenário no qual o ex-mandatário não poderá concorrer no pleito presidencial de 2026, o que abre espaço para um candidato da direita. Segundo Flávio, presidentes de partidos já procuraram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), além dele próprio, para uma eventual candidatura presidencial.

"Há diversos nomes com viabilidade política para concorrer. Bolsonaro tem a humildade de, se necessário, apoiar aquele que tiver maior potencial", afirmou o senador. "Presidentes de partidos falam comigo, com Tarcísio, Michelle, Ratinho, Romeu Zema (governador de Minas Gerais), Ronaldo Caiado (governador de Goiás), falam para todo mundo: 'Olha, mantenha a linha que pode ser você'", disse Flávio na entrevista.

Apesar disso, o senador classificou como um "desrespeito" discutir a substituição de Bolsonaro na disputa de 2026. Ele comparou a situação do pai com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2018, quando ele estava preso e inelegível, mas ainda assim registrou candidatura. Após a Justiça Eleitoral rejeitar o pedido, Fernando Haddad [atual ministro da Fazenda] assumiu a cabeça de chapa.

Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 após condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Nesta terça-feira (20), a PGR apresentou denúncia contra ele por liderar uma trama golpista para se perpetuar no poder e impedir a posse de Lula, sendo esta a primeira acusação criminal formal contra o ex-mandatário desde que deixou o cargo.

Flávio Bolsonaro, que também é advogado, criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e classificou as acusações como "políticas". "Juridicamente, eu estaria muito tranquilo, mas politicamente vemos que há uma determinação dada ao Gonet. Lamento muito, é uma decepção pessoal para mim o que ele está fazendo", disse.

O senador também tentou desqualificar a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que apontou reuniões e outros elementos como provas contra o ex-mandatário na denúncia da PGR. Flávio afirmou que a "delação é forjada e feita contra a vontade do Cid".

Sobre a possibilidade de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o senador admitiu que não há garantias de que a medida será aprovada pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No entanto, ele acredita que a proposta contará com apoio no Congresso.

"Não posso garantir. Nunca houve conversa do tipo 'votamos em você para pautar isso ou aprovar isso'. O que fazemos é sensibilizar as lideranças partidárias e políticas para os excessos que estão acontecendo", concluiu o parlamentar.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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