segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Allianz Trade melhora nota de crédito do Brasil em relatório sobre risco-país

Brasil promovido para Risco Médio (B2), refletindo a solidez do seu setor agrícola, redução do desemprego e crescimento da produção industrial e energética

Fernando Haddad, ministro da Fazenda (à esq.), e Lula (presidente da República) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A Allianz Trade divulgou nesta segunda-feira (3) a segunda edição do Country Risk Atlas, estudo que avalia o risco de crédito de diversos países com base em fatores econômicos, políticos e de sustentabilidade. Segundo a publicação, 48 economias foram reclassificadas para categorias superiores em 2024, mais que o dobro do registrado no ano anterior. O Brasil, que estava na categoria de Risco Sensível (B3), foi promovido para Risco Médio (B2), refletindo a solidez do seu setor agrícola, a redução do desemprego e o crescimento da produção industrial e energética.

De acordo com o economista sênior da Allianz Trade para mercados emergentes, Luca Moneta, a resiliência da economia brasileira é sustentada pelo desempenho robusto do agronegócio, a estabilidade do mercado de trabalho e a força do consumo interno, fatores que ajudaram a impulsionar o crescimento do PIB em 2024. Além disso, setores estratégicos como o automotivo e a indústria em geral mantiveram expansão, apesar do aumento das importações chinesas, que ameaçam a produção doméstica.

Expansão global e riscos emergentes - A melhora do risco-país foi uma tendência global em 2024. O levantamento aponta que 17% do PIB mundial está concentrado em economias que foram reclassificadas positivamente, com destaque para América Latina (13 países), Europa Emergente (10) e Ásia-Pacífico (9). No entanto, alguns países do Oriente Médio, como Bahrein, Israel e Kuwait, tiveram suas notas reduzidas devido a fatores como instabilidade geopolítica e preços do petróleo abaixo do ponto de equilíbrio fiscal.

A CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui, ressalta que a melhora geral do risco-país está fortemente atrelada a indicadores de curto prazo e, por isso, pode ser reversível. “Embora a perspectiva econômica global tenha melhorado, graças à desaceleração da inflação, à recuperação dos fluxos de crédito e à melhoria das condições de liquidez, muitos países de baixa renda ainda apresentam condições de negócios menos favoráveis, enquanto as economias de alta renda enfrentam incertezas políticas prolongadas. Além disso, devemos ter em mente que dois terços dos upgrades de risco-país que fizemos no ano passado são baseados em indicadores de curto prazo, mostrando que essas melhorias são cíclicas e potencialmente reversíveis. Diante desse cenário, as empresas devem estar atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da onda crescente de protecionismo. É provável que as cadeias de suprimentos se tornem ainda mais complexas, o que torna ainda mais importante o monitoramento do risco-país”.

O que pode interromper o crescimento? - Embora o cenário de 2024 tenha mostrado avanços, a Allianz Trade alerta para desafios que podem comprometer a trajetória positiva nos próximos anos. Entre os principais riscos, estão:

  • Tensões geopolíticas: intensificação de conflitos sociais, políticos e institucionais.
  • Aumento do protecionismo: risco de guerras comerciais e maior barreira para exportações.
  • Polarização política: aprofundamento das divisões em mercados avançados e emergentes.
  • Instabilidade social: aumento de protestos e conflitos civis motivados por inflação e ajustes fiscais.
Segundo Ana Boata, diretora de pesquisa econômica da Allianz Trade, um agravamento das disputas comerciais pode desencadear um efeito dominó na economia global, freando investimentos e pressionando a inflação. Para a especialista, "uma guerra comercial generalizada é uma grande preocupação: a perda de atividade econômica resultante e o retorno das pressões inflacionárias provavelmente minariam a confiança dos investidores, mantendo-os em um modo prolongado de 'esperar para ver'. Ao mesmo tempo, a crescente polarização, já evidente em muitos países, impõe custos econômicos significativos enquanto intensifica as divisões sociais. A frequência e a gravidade de agitações civis também estão aumentando, impulsionadas por fatores como inflação, ajustes fiscais e atraso no crescimento da produtividade. Diante desse cenário, os formuladores de políticas precisam superar o crescente déficit de confiança e mitigar os riscos de polarização".

Fonte: Brasil 247

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