Presidente do Senado desagrada bolsonaristas e afirma que eventual votação sobre afastamento de magistrados agravaria divisão no país
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afastou a possibilidade de pautar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e alertou para os impactos negativos que uma eventual votação sobre o tema poderia causar ao país. A declaração foi dada em entrevista ao programa PodK Liberados, apresentado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO) e exibido na noite de quinta-feira (27) pela RedeTV!, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
“Muito claramente, nós temos muitos problemas. Não será o presidente do Senado Federal que vai criar mais um”, afirmou Alcolumbre, reforçando sua posição contrária ao avanço de processos contra integrantes da Suprema Corte. O senador também defendeu uma revisão na prerrogativa exclusiva do Senado de decidir sobre a abertura de processos de impeachment contra ministros do STF.
“Está errado isso”, disse. Para ele, os poderes devem atuar de forma independente, sem interferências que comprometam a harmonia institucional. “O que temos que fazer é buscar com que cada poder possa conviver dentro das suas atribuições, um respeitando o outro, sem avançar a linha da autonomia e da autoridade de cada um”, acrescentou.
Alcolumbre também comentou sobre a possibilidade de anistia aos acusados de participarem dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para ele, a questão exige um tratamento equilibrado. “Deve haver mediação e modulação nas penas a serem aplicadas pela Justiça. Não pode ser uma anistia para todos de maneira igual. E também não pode, nas decisões judiciais, ser uma punibilidade para todos na mesma gravidade”, defendeu.
O presidente do Senado reconheceu que os atos representaram um “problema” grave, destacando que houve uma tentativa de golpe de Estado. “Alguém pensou e idealizou isso”, afirmou, ressaltando, no entanto, que todos os investigados devem ser considerados inocentes até a última instância judicial.
Durante a entrevista, Alcolumbre também criticou o que chamou de “criminalização” das emendas parlamentares. Ele defendeu que o mecanismo é essencial para reduzir desigualdades regionais e garantir investimentos em áreas carentes. “As emendas parlamentares são fundamentais para o funcionamento do Congresso e para levar recursos às bases eleitorais”, argumentou.
Questionado sobre a reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alcolumbre revelou que não foi consultado. “Nem Lula nem auxiliares dele me perguntaram ou pediram sugestão sobre essa reforma”, disse, referindo-se à recente substituição de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. “Não tive esse privilégio de tratar com Lula sobre a nomeação de ministros ou composição de governo para os próximos dois anos”, acrescentou.
Apesar disso, o senador acredita que, em algum momento, o diálogo ocorrerá. “Tenho certeza absoluta de que essa conversa vai acontecer, porque é necessária. O governo atual é uma coalizão clássica”, afirmou. Ele também lembrou que participou das negociações ministeriais no início do atual governo.
Alcolumbre afirmou que sua prioridade no primeiro semestre será uma agenda voltada à desburocratização, empreendedorismo e microcrédito. Na próxima semana, ele pretende se reunir com líderes partidários para definir um “portfólio” de até cinquenta propostas prioritárias. “Vamos escolher as prioritárias para deliberarmos neste semestre, especialmente aquelas que desburocratizem a vida dos brasileiros e melhorem o ambiente de negócio”, destacou. Ele enfatizou que a pauta do microcrédito é considerada estratégica para o governo Lula.
O presidente do Senado também elogiou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e afirmou que as duas Casas legislativas atuarão de forma mais alinhada do que nos últimos anos. Sem citar nomes, ele comparou a situação com o período em que Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estavam no comando da Câmara e do Senado, respectivamente. “A relação entre as duas Casas estará muito mais harmônica”, concluiu.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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