Durante seu governo, Bolsonaro flexibilizou normas de aquisição de armas e munições, fortalecendo os CACs, uma de suas principais bases de apoio
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, revelou em delação premiada à Polícia Federal (PF) que um grupo radical que orbitava o então presidente defendia o uso de Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores (CACs) como uma "tropa civil" para sustentar um golpe de Estado, destaca o Metrópoles.
Ao longo de seu governo (2019-2022), Bolsonaro flexibilizou amplamente as normas para aquisição, posse e porte de armas de fogo e munições por civis, fortalecendo sua posição entre os CACs, uma de suas principais bases de apoio. Segundo Cid, os integrantes desse grupo radicalizado acreditavam que os CACs apoiariam Bolsonaro caso ele decidisse romper com a ordem democrática. "Entendiam que os CACs apoiariam o ex-presidente em uma tomada de decisão, como uma tropa civil em caso de um golpe", disse Cid à PF
Ainda segundo o ex-ajudante de ordens, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) "tinha mais contato" com os CACs e mantinha proximidade com esse grupo de radicais. Esses aliados defendiam a formação de um braço armado para sustentar a permanência de Bolsonaro no poder e pressionavam para que ele assinasse um decreto de estado de sítio no país.
Cid também afirmou que os radicais apostavam que, "quando o presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs". O grupo, segundo o delator, também "romantizava" o artigo 142 da Constituição Federal, que trata das Forças Armadas, utilizando uma interpretação distorcida para justificar uma intervenção militar.
Entre os nomes citados por Cid como membros dessa ala mais radical estão Onyx Lorenzoni, Jorge Seiff, Gilson Machado, Magno Malta, Eduardo Bolsonaro, general Mario Fernandes e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Todos, de acordo com a delação, instigavam Bolsonaro a tentar um golpe de Estado. O ex-presidente, segundo Cid, era cercado por três grupos distintos: os "conservadores", os "moderados" e os "radicais", sendo estes últimos os principais entusiastas da ruptura institucional.
A delação de Mauro Cid teve seu sigilo derrubado nesta quarta-feira (19) por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A divulgação ocorre um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e outras 33 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, houve uma flexibilização das normas para a emissão de porte de armas, o que ampliou significativamente o número de CACs no país. A relação entre o ex-presidente e esse grupo armado tornou-se um dos principais focos da investigação sobre a trama golpista revelada pela delação de Cid.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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