terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Venezuela marca novas eleições para deputados e governadores para 27 de abril

 

Ao todo, serão eleitos 277 deputados e 24 governadores; meta do governo é realizar 10 eleições em 2025

Eleições regionais vão definir os governadores dos 24 estados, que terão mandato de 2025 a 2029 - Pedro Infante PSUV

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (27) a data das eleições legislativas e regionais de 2025. O pleito que vai escolher deputados e governadores será realizado em 27 de abril. A disputa acontecerá 9 meses depois da eleição presidencial que teve Nicolás Maduro como vencedor, mas que, até hoje, é contestada pela oposição de extrema direita venezuelana.

Para as Legislativas, serão eleitos 277 deputados que terão mandato de 5 de janeiro de 2026 até 5 de janeiro de 2031. Já as eleições regionais vão definir os governadores dos 24 estados, que terão mandato de 2025 a 2029.

Segundo o presidente do CNE, Elvis Amoroso, o órgão vai adotar um procedimento parecido com as eleições presidenciais e propor um documento para que os partidos políticos reconheçam os resultados da disputa. No pleito de 2024, os candidatos da Plataforma Unitaria, Edmundo González Urrutia, e do partido Centrados, Enrique Márquez, não participaram.

No último 17 de janeiro, o CNE já havia aberto uma “sessão permanente” para analisar as propostas dos partidos para o formato de eleições. A Assembleia Nacional discute nesse momento uma revisão das leis eleitorais do país e entregou um estudo para o órgão eleitoral com possíveis regras para a organização, financiamento de campanha, convocação e outras determinações.

O ministro do Interior e primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, celebrou a definição de uma data para o pleito. Em declaração à imprensa, ele também deu um recado para outros países que não reconhecem o pleito venezuelano: "O país permaneceu na resistência e na vitória”.

“Estamos felizes por fazer mais uma eleição. Vamos participar e trabalhar para vencer como sempre fizemos. Vão ver que eles (a oposição) fazem, a história está a comê-los, está a devorá-los, são inconsequentes. Lembramos à oposição e ao mundo inteiro que este país permaneceu na resistência e na vitória. Continuaremos a vencer aconteça o que acontecer, em qualquer circunstância venceremos”, destacou.

O governo se orgulha de "ser o país que mais realiza eleições no mundo". O objetivo é realizar 10 eleições só em 2025, entre legislativas, executivas e consultas comunais. A meta é que a décima eleição seja o referendo da reforma constitucional.

Mesmo erro?

A deputada ultraliberal, María Corina Machado, disse que seu grupo não vai participar do pleito. Ela lidera a extrema direita venezuelana que questiona o resultado das eleições presidenciais. De acordo com ela, os opositores recolheram 85,18% das atas eleitorais da Venezuela e esses resultados dariam a vitória à Edmundo González, com 67% dos votos válidos (7.443.548 votos). Já Nicolás Maduro teria recebido 30% do total de votos, somando 3.385.155 eleitores.

Os dados foram atualizados em janeiro de 2025 pela Plataforma Unitária em uma publicação que afirma que os outros oito candidatos teriam recebido 273.063 votos. A coalizão de extrema direita, no entanto, não divulgou as cópias de maneira pública e não disse porque estava atualizando os dados depois de mais de 4 meses do pleito.

A Justiça da Venezuela, no entanto, validou a vitória de Nicolás Maduro depois da judicialização do processo. Parte da oposição questiona o resultado e se apoia na lacuna deixada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Depois de validar o resultado, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) deu 30 dias para o órgão eleitoral publicar os resultados desagregados. O CNE, no entanto, não publicou até agora os dados detalhados por mesa de votação e afirmou que o atraso ocorreu por um ataque hacker. O site segue fora do ar mais de três meses depois do pleito.

Com isso em discussão, María Corina afirmou que, até que os resultados recolhidos pela oposição “não entrem em vigor”, o grupo não poderá participar de qualquer pleito.

“Até que este resultado entre em vigor não é adequado participar em eleições de qualquer natureza. Ir votar repetidamente sem que os resultados sejam respeitados não é defender o voto”, disse em publicação nas redes sociais.

A estratégia de boicotar o pleito já foi usada pela oposição nas eleições presidenciais de 2018 e nas legislativas de 2021. O resultado foi negativo e os opositores perderam o controle da Assembleia Nacional que conquistaram em 2015 e perderam o poder de pressão e mobilização nos anos seguintes.

Edição: Leandro Melito

Fonte: Brasil de Fato

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