quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

"Tudo que celebra a democracia é sempre bem-vindo", diz comandante da Marinha sobre ato em memória dos atos golpistas do 8/1

Almirante afirmou que não há animosidade dos militares com Lula: "é o comandante supremo e, falando particularmente pela Marinha, é o timoneiro"

Almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, novo comandante da Marinha (Foto: Reprodução / YouTube da Marinha do Brasil)

O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, participou da cerimônia em comemoração aos dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro e, ao lado dos outros chefes das Forças Armadas, afirmou que "tudo que celebra a democracia é sempre muito bem-vindo".

Em entrevista à coluna da jornalista Bela Megale, de O Globo, Olsen também destacou que não existe animosidade da parte dos militares com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e qualificou o mandatário como “comandante supremo, o timoneiro”. “Se falou em falta de lealdade ao presidente. Absolutamente. O presidente é o comandante supremo e, falando particularmente pela Marinha, é o timoneiro. Ele tem atribuição constitucional para isso”, disse o almirante.

A afirmação foi feita em resposta a questionamentos sobre o polêmico vídeo divulgado pela Marinha em dezembro e que levantou discussões sobre os supostos "privilégios" dos militares ao ser interpretado por alguns como um recado ao pacote de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O vídeo, que exibia membros das Forças Armadas em treinamento e missões em contraponto a imagens de civis em momentos de lazer e atividades cotidianas, foi posteriormente retirado do ar. A gravação mostrava, no final, uma militar questionando: “Privilégios? Vem pra Marinha”. Olsen explicou que a ideia era destacar as particularidades da carreira, sem sugerir que os militares estivessem em uma posição privilegiada em relação à sociedade.

Para Olsen, a reação negativa foi fruto de interpretações equivocadas, e não de uma tentativa de questionar a autoridade do presidente. “O imbróglio foi a repercussão do vídeo. O vídeo só procurou exortar as peculiaridades da carreira militar. Colocar os militares em contraposição à sociedade é uma narrativa que não cabe. Os militares são recrutados da sociedade e vivem na sociedade. Estão sujeitos às mazelas que todos passam. Eles também acordam cedo, pegam duas, três conduções”, defendeu.

Além disso, ele levantou a questão de atratividade para a carreira militar, comparando com o Judiciário: “Por que para os magistrados não é problema?”, questionou, referindo-se à idade para aposentadoria. Enquanto o pacote fiscal do Ministério da Fazenda estabelece a idade mínima de 55 anos para militares se aposentarem, a média atual para ingressar na reserva das Forças Armadas é entre 52 e 53 anos.

O comandante ressaltou, ainda, que, sem os atrativos da carreira militar, como a aposentadoria antecipada, seria difícil recrutar novos membros para as Forças Armadas. “Quando se fala nesses supostos privilégios deixam de citar questões como nós não termos hora extra, gratificação. Nem queremos isso. Mas se retirarmos o que é atrativo nas Forças, quem eu vou recrutar”, concluiu.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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