"Hoje Trump tem mais consciência do poder dos EUA para dobrar outros países em função dos interesses americano", avalia Aloysio Nunes
Aloysio Nunes (Foto: Pedro França/Agência Senado)
O ex-chanceler brasileiro Aloysio Nunes avalia que Donald Trump elaborou um “programa assustador” para o seu segundo mandato à frente da presidência dos Estados Unidos. “A primeira eleição dele meio que caiu do céu, foi uma surpresa. Para a segunda ele se preparou, elaborou um programa, um programa assustador, com uma visão sobre o papel dos EUA no mundo. Trump não é um boboca como Bolsonaro. Ele tem um plano elaborado”, disse Nunes em entrevista ao jornal O Globo.
Ainda segundo o ex-ministro, Trump deverá agir com força contra os imigrantes ilegais e o Brasil deverá estar “atento” a essa questão. “Isso vai criar muitos problemas. Não sabemos como ele vai implicar a questão da migração, terá de transformar os EUA num Estado policial para descobrir onde estão os ilegais. Vamos ter um problema grave com a comunidade brasileira, que é muito numerosa. No nosso governo, enfrentamos situações horrorosas, famílias separadas, foi um horror. O Brasil deve estar em estado de alerta em relação a isso”, disse.
Questionado sobre as questões tarifárias citadas por Trump, Aloysio Nunes observa que “as tarifas viraram uma arma de guerra para Trump. Se Trump vira e fala pra Dinamarca ‘ou vocês me dão a Groenlândia ou eu aplico 100% de tarifas às importações’, a mesma coisa com México, Canadá, não se trata mais de uma regulação do comércio, é guerra. Hoje Trump tem mais consciência do poder dos EUA para dobrar outros países em função dos interesses americanos. O que ele diz sobre o Canal do Panamá, a Groenlândia, lembra um pouco Hitler falando sobre a necessidade de conquistar o leste [europeu]”.
Para Nunes, os países não estão reagindo à altura das medidas e ameaças feitas por Trump durante sua campanha e também após as eleições estadunidenses. “A segunda vitória dele foi uma coisa avassaladora, hoje ele está muito mais no controle. Ele teve tempo de se preparar e tem alguns instrumentos na cabeça. A ideia de que os EUA podem fazer o que quiserem, e que os outros vão se dobrar ao poder econômico e militar americano. Diante de tudo o que Trump está dizendo, o que fazem os países europeus? Parecem se render. Ninguém reage com o vigor que a situação mereceria. Trump está muito mais ousado”, avaliou.
Ainda segundo ele, em termos de relações bilaterais “é preciso ver o que interessa ao Brasil, não se pode apenas fechar a porta a qualquer tipo de negociação. Temos uma relação bilateral antiga, sólida, uma base econômica muito consistente. Um comércio, aliás, deficitário para nós. O Brasil tem atributos que interessam aos EUA, assim como eles têm atributos que nos interessam. Tem que sentar à mesa e ver como é possível compatibilizar. Trump é um homem que vem do mundo dos negócios, ele faz negócios”.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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