sábado, 25 de janeiro de 2025

Rogério Correia afirma que Hugo Motta garantiu não pautar anistia aos condenados pelo 8 de janeiro

Deputado revela compromisso assumido pelo favorito à presidência da Câmara, enquanto a bancada bolsonarista pressiona por prioridades contrárias

Rogério Correia (Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

O vice-líder do PT na Câmara, deputado Rogério Correia (MG), declarou nesta sexta-feira (24) que Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito na disputa pela presidência da Casa, teria se comprometido com os governistas a não pautar o projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo Correia, o compromisso foi assumido por Motta em reuniões com a bancada petista. As informações foram divulgadas em entrevista ao Globo.

“Foi em reunião com a coordenação da bancada do PT e, posteriormente, com toda a bancada, que Hugo garantiu que não pautaria o projeto de anistia. A primeira hipótese era que Arthur Lira resolvesse a questão, mas, caso isso não ocorresse, Hugo assumiria esse compromisso como presidente”, afirmou Correia. Ele destacou que o recente indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal facilita o cumprimento do compromisso por parte de Motta.

Apesar da sinalização de Motta aos governistas, o tema continua sendo prioridade para a bancada bolsonarista, que também apoia sua candidatura. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, reafirmou que a anistia aos condenados é mais urgente do que projetos que garantam a elegibilidade de Jair Bolsonaro. “Esse assunto [a elegibilidade de Bolsonaro] é tratado internamente. Trabalhamos principalmente pela anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, mas não convém publicizar. Tudo está sujeito a interferências judiciais atualmente”, afirmou Eduardo ao GLOBO.

● O equilíbrio delicado de Hugo Motta

Hugo Motta tenta equilibrar os interesses divergentes das bancadas que apoiam sua candidatura. Por um lado, ele busca o apoio do PT e, por outro, enfrenta a pressão de aliados bolsonaristas, que veem a anistia como uma prioridade. Em outubro, o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão especial para analisar o projeto de anistia e atrasou sua tramitação. A estratégia visava evitar que o tema contaminasse o processo de sucessão na Casa.

Lira, em declaração na época, destacou que o tema precisa ser debatido, mas sem comprometer a eleição da Mesa Diretora. “Determinei a comissão especial para analisar o PL 2858-22. É necessário buscar a convergência do texto”, disse.

● Contexto e implicações

O projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro é visto como um dos maiores testes para o próximo presidente da Câmara. Enquanto o governo Lula tenta consolidar uma base sólida no Congresso, a oposição bolsonarista articula para fortalecer seu discurso político e preservar sua influência.

A postura de Hugo Motta será decisiva para determinar o rumo desse debate, que tem o potencial de acirrar ainda mais os ânimos no Legislativo. Governistas esperam que o compromisso assumido se traduza em ações concretas, enquanto a oposição continua a pressionar para que suas prioridades sejam pautadas.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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