Diplomacia brasileira reforça posição contra tratamento degradante de nacionais em voos de deportação
Brasileiros deportados dos EUA em Manaus (Foto: Antonio Lima/Secom )
A criação de um grupo de trabalho para discutir as deportações de brasileiros pelos Estados Unidos foi definida em reunião entre a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luísa Escorel, e o encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar. Segundo interlocutores, Escobar pediu desculpas pelo tratamento inadequado dispensado a 88 brasileiros deportados, que chegaram a Manaus (AM) na última sexta-feira (24). As imagens dos deportados algemados e com correntes nos pés geraram forte rechaço no governo brasileiro.
A reunião foi solicitada ao Itamaraty após a chegada de Escobar ao Brasil há cerca de duas semanas, quando assumiu a chefia interina da embaixada americana, à espera da indicação de um novo embaixador por parte do presidente Donald Trump. O diplomata de carreira foi enviado pelo governo do ex-presidente Joe Biden.
Conforme fontes do Ministério das Relações Exteriores, ao tomar conhecimento do encontro, o chanceler Mauro Vieira autorizou a audiência, mas determinou que a embaixadora brasileira reiterasse a posição de repúdio do Brasil ao tratamento dado aos nacionais deportados. O governo brasileiro considera inaceitável o uso de algemas e correntes e tem cobrado garantias de respeito aos direitos humanos em situações similares.
Na reunião, o diplomata americano foi informado de que a política migratória brasileira é baseada na perspectiva dos direitos humanos e que o Brasil pretende tratar o tema de forma pragmática, sem ampliar tensões diplomáticas. O governo Lula busca manter boas relações com Washington, apesar da falta de clareza sobre como será a dinâmica entre os presidentes Lula (PT) e Trump.
Na última segunda-feira (27), Escobar também havia sido convocado pelo Itamaraty para prestar esclarecimentos à secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos, Márcia Loureiro. Na ocasião, o governo brasileiro cobrou explicações formais sobre o caso.
Fonte: Brasil 247
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