Ministro diz que taxação das exportações do agronegócio "não tem chance de prosperar" e defende alternativas mais convencionais
Paulo Teixeira (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Em meio à pressão interna do governo por soluções para conter a alta dos preços dos alimentos, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), reafirmou que o governo não cogita adotar medidas consideradas "heterodoxas", como a taxação temporária das exportações do agronegócio. "O presidente Lula deixou claro que não vai tomar medidas heterodoxas", declarou Teixeira à Folha de S. Paulo.
Embora o próprio ministro tenha apoiado um projeto semelhante em 2022, quando era deputado federal, ele ressaltou que a ideia "não tem chance de prosperar" no atual governo. A proposta, rejeitada em três comissões da Câmara dos Deputados, previa a taxação de exportações de grãos e carnes para priorizar o abastecimento interno e conter a volatilidade dos preços. "Assinei o projeto apenas para que ele tivesse tramitação", justificou Teixeira.
Taxação e seus impactos - Defensores da medida argumentam que a taxação forçaria o agronegócio a destinar uma parcela maior de sua produção ao mercado interno, reduzindo rapidamente os preços dos alimentos. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que produtos básicos como arroz, feijão e trigo têm perdido espaço na produção nacional, enquanto commodities voltadas à exportação, como soja e milho, ganharam protagonismo.
Entretanto, a resistência vem tanto do mercado financeiro quanto do próprio setor agropecuário, que alertam para possíveis danos à competitividade e à cadeia produtiva.
Alternativas no radar do governo - O governo, por sua vez, tem buscado caminhos mais moderados. Após reuniões com o presidente Lula (PT), o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), descartou intervenções como subsídios e tabelamento de preços. Uma das propostas em estudo é a redução de alíquotas de importação de alimentos, além de juros mais baixos no próximo Plano Safra. Apesar disso, integrantes do PT avaliam que essas ações são insuficientes para enfrentar a inflação alimentar de maneira efetiva.
O debate sobre a regulação do mercado de alimentos no Brasil também acontece em meio a um cenário internacional de competição comercial acirrada. Países como Índia, Rússia e Indonésia já implementaram taxações similares, enquanto a Argentina viveu crises no setor agropecuário após medidas intervencionistas, como aumento de impostos sobre exportações.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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