sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Planalto espera avanços com Hugo Motta na Câmara e Alcolumbre "pragmático" no comando do Senado

Hugo Motta promete focar em pautas de consenso, enquanto Davi Alcolumbre se mostrou receptivo a algumas das principais pautas bolsonaristas

Lula e Hugo Motta (Foto: Reprodução/X/@guimaraes13PT)

Neste sábado (1), deputados e senadores voltam do recesso parlamentar para eleger os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que conduzirão o Congresso Nacional pelos próximos dois anos. A disputa interessa diretamente ao governo do presidente Lula (PT), que precisa de apoio no Legislativo para avançar em sua agenda política e econômica. As definições das lideranças no Congresso podem facilitar ou travar as pautas prioritárias do governo federal, relata o Metrópoles.

As eleições marcam o fim dos ciclos de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado. Ambos já cumpriram dois mandatos consecutivos e, pelo regimento interno, estão impedidos de buscar reeleição. No tabuleiro político, dois nomes despontam como favoritos: Hugo Motta (Republicanos-PB) para a Câmara e Davi Alcolumbre (União-AP) para o Senado. Ambos contam com apoio de uma ampla base política, que inclui desde o PT, partido do presidente Lula, até o PL, sigla de Jair Bolsonaro.

◉ O desafio de Motta: governabilidade e distanciamento ideológico - Hugo Motta, de 35 anos e no quarto mandato como deputado federal, surge como nome de consenso entre diferentes bancadas. Apadrinhado por Arthur Lira, ele tem uma trajetória de articulação política consolidada e transita bem entre governistas e oposicionistas. Durante a campanha para a presidência da Câmara, evitou temas ideológicos e enfatizou que seu foco estará em pautas de consenso, o que pode facilitar a relação com o Planalto.

A escolha de Motta pode ser benéfica para o governo federal, que encontrou dificuldades de articulação com Arthur Lira. O atual presidente da Câmara protagonizou embates públicos com Alexandre Padilha (PT), ministro das Relações Institucionais de Lula, e usou seu poder para travar algumas votações estratégicas. Caso Motta seja eleito, a expectativa é que ele atue de forma mais pragmática, reduzindo atritos e garantindo maior previsibilidade na tramitação de projetos importantes para o Executivo.

No entanto, ele também precisará lidar com as pressões da oposição, especialmente de setores do PL e de grupos bolsonaristas que defendem pautas conservadoras e fiscalização rigorosa do governo Lula. O grande desafio será administrar as diferentes expectativas dentro de uma Casa que tem mostrado forte fragmentação nos últimos anos.

◉ Alcolumbre no Senado: pragmatismo e influência além do parlamento - No Senado, Davi Alcolumbre é apontado como o principal candidato a substituir Rodrigo Pacheco. Ex-presidente da Casa entre 2019 e 2021, Alcolumbre manteve forte influência nos bastidores, tendo sido um dos articuladores da reeleição de Pacheco. Sua proximidade com o governo Lula é evidente, especialmente pela indicação de aliados para cargos estratégicos na Esplanada.

No entanto, sua candidatura também preocupa o Planalto. Apesar do apoio petista, Alcolumbre fez acordos com setores da oposição e se mostrou receptivo a algumas das principais pautas bolsonaristas. O presidente do Senado tem poder para dar andamento ou barrar pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma das principais bandeiras da base de Jair Bolsonaro. Ele também precisará decidir como lidará com pressões por anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Para o governo Lula, o cenário ideal seria um Alcolumbre fiel ao Palácio do Planalto. No entanto, sua postura pragmática indica que ele deve atuar de forma independente, negociando caso a caso, sem necessariamente priorizar os interesses do Executivo.

◉ O peso do Congresso na governabilidade de Lula - A nova composição das mesas diretoras da Câmara e do Senado terá papel central na agenda de Lula. A relação entre os poderes esteve tensa no último ano, com o Congresso travando votações estratégicas, em resposta a disputas com o STF e demandas por maior controle sobre o Orçamento da União. O embate sobre as emendas parlamentares segue como um dos principais desafios, com deputados e senadores pressionando por maior autonomia na destinação de recursos.

A escolha de Hugo Motta e Davi Alcolumbre pode representar um período de maior estabilidade para Lula, caso consigam equilibrar suas bases de apoio sem confrontar diretamente o governo. Por outro lado, a presença de uma oposição fortalecida no Congresso pode criar novos obstáculos para a gestão petista, especialmente em temas sensíveis, como a política econômica e os avanços na regulação das plataformas digitais.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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