Investigado pela PF por esquema de fraudes e desvios de R$ 1,4 bilhão, empresário José Marcos de Moura diz não lembrar motivo da visita
Marcos Moura, o "Rei do Lixo" (Foto: Reprodução/Instagram)
O empresário José Marcos de Moura, mais conhecido como "Rei do Lixo", esteve no Palácio do Planalto em dezembro de 2022, em uma visita que, até o momento, permanece envolta em mistério. Os dados obtidos pela CNN Brasil por meio da Lei de Acesso à Informação revelam que Moura entrou no Planalto no dia 21 de dezembro de 2022, às 9h58. Desde então, não há registros de novas entradas de sua parte no local em 2023, 2024 ou 2025.
Questionado sobre o motivo da visita, Moura, por meio de sua assessoria, afirmou não se recordar do que o levou até o Palácio do Planalto naquele dia específico e tampouco soube informar com quem esteve. Curiosamente, seu nome não aparece em nenhuma agenda oficial de autoridades do governo, contrariando a norma da Controladoria-Geral da União que determina a transparência das agendas governamentais.
De acordo com as informações disponíveis, o então presidente, Jair Bolsonaro (PL), não teve agenda oficial no Planalto no dia da visita de Moura. Na mesma data, também não houve encontros de ministros ou outras autoridades no local. A assessoria de Bolsonaro explicou que o ele estava com uma enfermidade na perna e recluso no Palácio da Alvorada.
A visita se insere em meio a um momento de crescente atenção sobre o empresário, que é um dos alvos de uma investigação da Polícia Federal (PF). O inquérito apura um esquema de fraudes em licitações e desvio de emendas parlamentares, com um desvio estimado em R$ 1,4 bilhão.
O empresário é apontado como líder de um esquema que superfaturava obras públicas por meio de contratos de licitação fraudulentos, prejudicando o erário e favorecendo interesses privados. Segundo a PF, as verbas dos projetos eram liberadas para empresas escolhidas previamente e tinham, como origem, repasses de emendas parlamentares.
Moura, que também é membro da cúpula do União Brasil e tem estreitos laços com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, foi preso no dia 11 de dezembro de 2022, em Salvador, mas conseguiu sua liberdade apenas oito dias depois, com um habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Segundo a PF, Moura atuava como ponte de agendas entre empresários presos e nomes ligados a governos estaduais. A investigação do que seria um esquema de propina envolvendo Moura começou com uma apreensão de R$ 1,5 milhão pela Polícia Federal, em um voo que partia de Salvador com destino a Brasília.
O voo que transportava o dinheiro teria sido coordenado pelo Rei do Lixo. O dinheiro apreendido teria o objetivo de servir como pagamento a empresários envolvidos nos esquemas de licitação, repassados por meio de emendas parlamentares.
Além dos R$ 1,5 milhão em espécie, os policiais federais também encontraram, no avião, uma planilha contendo informações sobre contratos e valores que somavam mais de R$ 200 milhões em acordos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá. Sobre as denúncias, Moura nega qualquer irregularidade.
Fonte: Brasil 247 com CNN Brasil
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