Operação mira assessores, mas não descarta envolvimento de ministros; prejuízo envolve multinacionais e bancos
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
A Polícia Federal identificou suspeitas de corrupção e outros crimes em 14 processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme revelado pelo Uol. A investigação, que se baseia em diálogos encontrados no celular do advogado Roberto Zampieri — assassinado em 2023 — e em sindicâncias do STJ, levou à prisão do lobista Andreson Gonçalves e ao afastamento de cinco servidores do tribunal. Embora nenhum ministro esteja oficialmente sob investigação, os desdobramentos ainda não excluem a possibilidade de envolvimento.
A operação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF, em novembro de 2023, concentra-se nos gabinetes dos ministros Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Og Fernandes. A Polícia Federal identificou indícios de crimes como corrupção passiva e ativa, exploração de prestígio, violação de sigilo funcional e antecipação de decisões judiciais.
Entre os processos investigados, estão ações de empresas como Du Pont, J&F, Bradesco, Santander e Nossa Caixa (atualmente incorporada ao Banco do Brasil). O delegado Marco Bontempo destacou que a análise ainda está em estágio inicial, indicando que outras irregularidades podem ser descobertas.
Principais suspeitas
O lobista Andreson Gonçalves, preso em novembro, desempenha papel central no esquema. Documentos apreendidos em sua empresa de transportes mostram detalhes sobre decisões judiciais manipuladas. Ele teria recebido pagamentos de até R$ 250 mil para influenciar servidores, além de antecipar decisões judiciais antes mesmo de serem formalizadas.
Em um dos casos, Gonçalves teria compartilhado uma minuta de decisão do STJ antes de ela ser oficialmente proferida. O processo envolvia uma disputa milionária entre o Bradesco e um empresário de Mato Grosso. Outra investigação aponta que o lobista teria recebido R$ 19 milhões em um processo entre a holding J&F e a Eldorado Celulose.
Os processos suspeitos incluem:
☉ Gabinete da ministra Isabel Gallotti: Casos de corrupção e exploração de sigilo funcional em processos com multinacionais e bancos.
☉ Gabinete da ministra Nancy Andrighi: Investigações envolvem ações relacionadas à J&F e outras empresas de Mato Grosso.
☉ Gabinete do ministro Og Fernandes: Suspeitas ligadas à Operação Faroeste, que apura corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia.
A ministra Nancy Andrighi foi a única a responder oficialmente, afirmando que "os processos de responsabilização dos servidores estão em andamento para que os fatos sejam esclarecidos e os responsáveis punidos de forma exemplar". As empresas citadas, incluindo a J&F, negaram qualquer envolvimento irregular, destacando que seguiram os trâmites legais.
Fonte: Brasil 247 com informações do UOL
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