quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

“Não falei a palavra golpe”, diz Cid sobre delação em nova gravação; ouça

 

O tenente-coronel Mauro Cid: o militar alega que palavras lhe foram atribuídas sem terem sido ditas. Foto: Reprodução
Um novo áudio do tenente-coronel Mauro Cid, gravado no primeiro semestre de 2024, foi obtido pela coluna Radar, da revista Veja. Nele, o militar amplia suas críticas sobre como suas confissões foram registradas pela Polícia Federal (PF) durante sua delação premiada e vazadas para a imprensa.

Na gravação, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se mostra irritado e alega que palavras foram atribuídas a ele sem terem sido ditas, incluindo o termo “golpe”.

“Fala! Vou te dizer… Esse troço tá entalado, cara. Tá entalado. Você viu que o cara botou a palavra golpe, cara? Eu não falei uma vez a palavra golpe, eu não falei uma vez a palavra golpe! Então, quer dizer… Foi furo, foi erro, sei lá, acho até a condição psicológica que eu tava na hora ali (do depoimento). Porra, eu não falei golpe uma vez. Não falei golpe uma vez”, afirmou Cid no áudio.

Não há clareza sobre em qual depoimento a suposta inclusão indevida da palavra “golpe” teria ocorrido, mas o termo aparece nos relatos registrados pela PF desde o início de sua colaboração.

AUDIO

Em conversas privadas, Cid sugeriu que suas declarações foram distorcidas para preencher lacunas na investigação contra bolsonaristas. “Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles”, disse em outra gravação.

No último fim de semana, o colunista Elio Gaspari divulgou a íntegra do primeiro interrogatório de Cid, no qual ele menciona o envolvimento de aliados de Jair Bolsonaro, incluindo Michelle e Eduardo Bolsonaro, nas discussões sobre um plano golpista.

No conteúdo vazado, Cid relata que Bolsonaro considerava duas possibilidades para se manter no poder nos últimos dias de 2022. “A primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir a um Golpe de Estado”, registra a transcrição da PF.

A delação de Cid, que inclui depoimentos e vídeos de seus interrogatórios, segue em sigilo no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante as investigações, diversas provas foram obtidas, incluindo arquivos recuperados de aparelhos apagados de Cid, que corroboram detalhes da trama golpista revelada por ele.

Homem de confiança de Bolsonaro, Mauro Cid relatava ser responsável por contas do ex-presidente e guarda memória de 4 anos | Blog da Andréia Sadi | G1
Mauro Cid e Jair Bolsonaro: o tenente-coronel relata que o ex-capitão considerava duas possibilidades para se manter no poder nos últimos dias de 2022. Foto: Reprodução


Fonte: DCM

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