quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Militar da FAB condenado por voar com 39 kg de cocaína em avião presidencial usava motel como ponto de entrega de drogas

Sargento Manoel Silva Rodrigues recebeu pena de 17 anos de prisão por transportar cocaína em avião presidencial; esquema envolvia estratégias inusitadas

Avião da FAB e o Segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues (Foto: Reprodução)

O Superior Tribunal Militar (STM) condenou o ex-sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), Manoel Silva Rodrigues, a 17 anos de reclusão por transportar 39 quilos de cocaína em um avião presidencial. De acordo com o portal Metrópoles, o militar utilizava motéis na região administrativa do Distrito Federal como ponto de coleta das drogas antes das viagens. A decisão, que marca o último capítulo do caso, foi publicada no final de 2024.

Investigações revelaram que Manoel frequentava um motel no Núcleo Bandeirante pouco antes de embarcar em viagens internacionais. Dois dias antes de transportar cocaína em um voo para Tóquio, com escala em Sevilha, na Espanha, ele permaneceu no local por pouco mais de uma hora, onde teria recebido os entorpecentes. Em seguida, o material foi levado à Base Aérea da FAB, de onde o militar seguiu para o aeroporto utilizando um carro alugado.

O esquema não foi um caso isolado. O ex-sargento foi identificado em situações semelhantes em outras ocasiões. Em 28 de abril de 2019, ele também esteve no mesmo motel antes de embarcar para o Azerbaijão, com escala em Madri. Segundo os investigadores, as drogas teriam sido entregues na capital espanhola. Um mês depois, em 25 de maio de 2019, Manoel retornou ao local após uma missão em Recife (PE). Nessa ocasião, ele teria utilizado o espaço para “comemorar” com a esposa.

◎ Mensagem suspeita e celular paralelo

A descoberta do motel como parte do esquema foi impulsionada por uma troca de mensagens entre Manoel e sua esposa. Ela questionou sobre um pente com a logomarca da rede de motéis encontrado em sua mochila. “Manoel, sereno, confirma que pegou o item no citado motel, depois a adverte, pois tinha avisado sobre ter ido ao local antes da viagem para o Azerbaijão. A ida de Manoel a um motel, com o conhecimento de sua esposa que se mostra nas mensagens ser uma pessoa ciumenta, intrigou a equipe de investigação”, revelou o relatório.

Outro elemento crucial para desvendar o esquema foi a existência de um segundo celular, utilizado exclusivamente para atividades relacionadas ao tráfico. O aparelho também foi usado pelo militar para testar a fidelidade da esposa, fingindo ser outra pessoa. Contudo, segundo os investigadores, o telefone tinha como principal finalidade organizar os repasses de drogas.

◎ Militares e o tráfico

O caso de Manoel Silva Rodrigues é apenas um entre centenas de militares condenados por envolvimento com drogas nos últimos anos. Dados obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, entre 2018 e 2024, 641 integrantes das Forças Armadas foram sentenciados por crimes relacionados ao tráfico. A maioria das condenações recaiu sobre soldados do Exército, que somaram 563 casos.

No caso da FAB, houve seis condenações em 2019, incluindo a de Manoel. O levantamento também aponta a Marinha, com um cabo, oito marinheiros e dois soldados navais sentenciados apenas naquele ano.

Manoel Silva Rodrigues foi o único condenado no âmbito do esquema que envolvia o transporte de cocaína em voos oficiais. Investigações sugerem o envolvimento de outros militares, mas nenhuma outra responsabilização penal foi formalizada até o momento. A defesa do ex-sargento foi procurada, mas não se manifestou sobre o caso.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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