segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Milícia do Rio lança cigarro próprio e ameaça matar quem fumar outra marca

Grupos paramilitares, sustentados por extorsões e ameaças, movimentam bilhões com produtos falsificados e impõem regras violentas nas comunidades

(Foto: Reuters)

Enquanto facções criminosas e milícias travam uma disputa sangrenta pelo controle de territórios no Rio de Janeiro, os grupos paramilitares têm consolidado seu domínio explorando atividades ilegais altamente lucrativas. Entre elas, destaca-se a venda de cigarros falsificados, que se tornou um dos principais pilares financeiros dessas organizações criminosas. Segundo informações publicadas pelo portal Metrópoles., a comercialização de cigarros ilegais movimentou cerca de R$ 9 bilhões em 2023, com 34 bilhões de unidades vendidas no Brasil.

As milícias, formadas majoritariamente por ex-policiais e militares, não apenas distribuem os produtos, mas também os produzem, incluindo versões falsificadas de marcas paraguaias, criando o que foi chamado de “falsificação da falsificação”. Apesar da baixa qualidade dos cigarros, comerciantes locais são coagidos a vender exclusivamente a “marca do crime”. Para os moradores que ousam adquirir produtos de outra marca, a punição pode ser fatal.

De acordo com Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), as forças de segurança já identificaram a participação de milicianos e facções na fabricação de cigarros falsificados no Brasil. “Eles não só contrabandeiam como têm produzido isso em território nacional. E ainda contam com uma facilidade logística, por ocupar espaço no monopólio do crime”, afirmou. Ele também destacou que as milícias proíbem terminantemente a venda de outras marcas: “Essas organizações vão ocupando espaços nas comunidades, e os moradores só podem comprar o produto liberado pela milícia.”

◎ Expansão e domínio territorial

O poder das milícias vai muito além do mercado de cigarros falsificados. Esses grupos exploram ilegalmente serviços como a venda de gás de cozinha e o transporte alternativo, ampliando suas fontes de lucro e consolidando o controle sobre as comunidades. Atualmente, estima-se que as milícias tenham influência em pelo menos 45 dos 92 municípios do estado do Rio de Janeiro.

Esse domínio é mantido por uma rede de crimes que inclui extorsões, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, contrabando e assassinatos. Investigações das polícias Civil e Federal revelaram uma onda de mortes violentas, desaparecimentos e tentativas de homicídio relacionadas à disputa pelo monopólio da venda de cigarros ilegais.

O nome de Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, aparece como o principal chefe por trás desse esquema. Ele e seu irmão, Cláudio Coutinho de Oliveira, foram alvos das operações Smoke Free, realizada em novembro de 2022, e Fumus, no ano anterior. Essas ações, conduzidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF), resultaram na emissão de quase 70 mandados de prisão.

◎ Monopólio do crime

As investigações apontam que as milícias têm se estruturado como verdadeiras organizações empresariais do crime, com um único objetivo: o lucro. Com a venda de cigarros falsificados e outras atividades ilegais, esses grupos fortalecem sua influência e criam uma realidade de medo e opressão para os moradores das comunidades.

O avanço das milícias no Rio de Janeiro escancara a necessidade urgente de ações integradas e contínuas das forças de segurança e de políticas públicas para combater essas organizações, que transformaram territórios vulneráveis em verdadeiros monopólios do crime.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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