sábado, 4 de janeiro de 2025

Milei recebe González, o chama de “presidente eleito” e reforça apoio contra Maduro

Líder venezuelano, que se diz vencedor das eleições de 2024, busca respaldo internacional para enfrentar a posse de Nicolás Maduro

Javier Milei e Edmundo González (Foto: Reuters)

A Casa Rosada foi palco de fortes emoções no sábado (4), quando o presidente argentino, Javier Milei, recebeu Edmundo González Urrutia, opositor venezuelano que reivindica ter sido eleito para o cargo de presidente da Venezuela no lugar de Nicolás Maduro. Em meio a centenas de refugiados que ocuparam a Plaza de Mayo, González foi aplaudido, segundo reporta o Infomoney. González tenta formar uma coalizão de apoio na América Latina para voltar ao seu país antes da posse de Maduro, programada para 10 de janeiro.

Durante o encontro, Milei declarou publicamente apoio a González, chegando a chamá-lo de “presidente eleito”. Em suas palavras, “está fazendo o que a defesa da liberdade exige, nem mais, nem menos”. A intenção do venezuelano, que está exilado na Espanha desde setembro, é reunir-se com líderes de direita na região e, assim, fortalecer a pressão internacional contra Maduro. Na sequência de sua visita a Buenos Aires, González planeja seguir para Montevidéu, onde se encontrará com o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e com o chanceler, Omar Paganini.

● Estratégia de apoio e países envolvidos

A estratégia de González exclui, ao menos por enquanto, uma visita ao Brasil, país que não reconhece a suposta reeleição de Maduro, mas que tem adotado uma postura cautelosa em relação à crise venezuelana. Ainda assim, segundo fontes próximas ao opositor, o objetivo é priorizar nações cujo alinhamento com seu discurso de derrubada de Maduro seja mais direto e imediato.

Nicolás Maduro deve tomar posse para um terceiro mandato na próxima semana, depois de se declarar vencedor nas eleições de julho, em um processo repleto de suspeitas de fraude. Diversos governos, incluindo o brasileiro, não reconhecem os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais venezuelanas. Ainda assim, o Brasil será representado na cerimônia de posse pela embaixadora Glivânia Maria de Oliveira.

Para complicar ainda mais o cenário, o governo de Maduro anunciou uma recompensa de 100 mil dólares (cerca de R$ 620 mil) por qualquer informação que leve à captura de González. Apesar disso, o opositor mantém o discurso de que retornará ao país para “tomar posse” em 10 de janeiro, no lugar de Maduro.

● Asilo político e articulações europeias

Com as acusações de “conspiração” e “associação criminosa” que pesam contra ele, González obteve asilo político na Espanha em 20 de dezembro. Lá, o venezuelano teve encontros significativos com líderes europeus, como o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Em dezembro, ele também recebeu o Prêmio Sakharov, concedido pelo Parlamento Europeu, em reconhecimento aos “esforços para restaurar a liberdade e a democracia” na Venezuela. A distinção foi entregue em conjunto à opositora Maria Corina Machado.

A tensão entre Argentina e Venezuela aumentou após a prisão de um militar argentino, Nahuel Gallo, em território venezuelano sob acusação de terrorismo. Diante disso, a Chancelaria argentina denunciou o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e solicitou medidas cautelares à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Em resposta, o chanceler venezuelano, Yván Gil, classificou a denúncia como um “espetáculo lamentável”.

A deterioração das relações entre Buenos Aires e Caracas se aprofundou quando Milei se recusou a reconhecer o resultado das eleições venezuelanas e reafirmou seu apoio a González. Na prática, a embaixada argentina em Caracas, sob custódia do Brasil, tornou-se refúgio para colaboradores da também opositora Maria Corina Machado, acusados de “terrorismo” pelo regime de Maduro.

● Perspectivas

Diante de um cenário cada vez mais polarizado, González segue buscando respaldo internacional para sustentar sua reivindicação de vitória e, assim, desembarcar na Venezuela com o peso do apoio de países da região. Enquanto isso, Maduro se prepara para iniciar um terceiro mandato com a “lealdade absoluta” das Forças Armadas, segundo comunicados oficiais. A crise venezuelana, que já resultou em protestos, mortes e prisões, é observada de perto pela comunidade internacional, que se divide entre o reconhecimento e a contestação do governo de Maduro.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

Nenhum comentário:

Postar um comentário