segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Inovação industrial brasileira atinge patamar histórico com R$ 34 bilhões em financiamentos em 2024

Programa Nova Indústria Brasil impulsiona investimentos recordes em tecnologia, sustentabilidade e reindustrialização

Presidente Lula, Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante (Foto: Ricardo Stuckert)

O ano de 2024 marcou um novo capítulo na história da indústria brasileira, com um recorde de R$ 34 bilhões em financiamentos aprovados para projetos de inovação, informa a Exame. Os recursos, provenientes de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), foram direcionados ao programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançado pelo governo federal em janeiro de 2023. A iniciativa tem como objetivo reindustrializar o país, com foco em áreas estratégicas como agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, bioeconomia e transição energética.

O BNDES, principal agente de fomento, aprovou R$ 11,1 bilhões para projetos de inovação industrial, o maior valor desde o início da série histórica, em 1995. A Finep, por sua vez, registrou um crescimento de 232,8% nas aprovações, totalizando R$ 22,3 bilhões. Já a Embrapii financiou 610 projetos, somando R$ 1 bilhão em investimentos, também um recorde para a instituição. Esses números refletem um esforço conjunto para modernizar a indústria nacional e torná-la mais competitiva globalmente.

◎ Prioridade na indústria e sustentabilidade - José Luiz Gordon, diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, destacou que a indústria ultrapassou o agronegócio como prioridade na carteira do banco. "No BNDES, a indústria ultrapassou o agro e tornou-se uma prioridade. O apoio ao agro também cresceu 26%, mas para a indústria também. Queremos continuar apoiando o agro, mas queremos apoiar a indústria e a sua volta mais forte. E, obviamente, a NIB tem um papel estratégico de puxar os investimentos". Gordon ressaltou ainda que muitos projetos se enquadram em múltiplos eixos, como produtividade e sustentabilidade, o que amplia seu impacto.

A NIB está alinhada com o Plano Mais Produção, que já mobilizou R$ 506,71 bilhões em recursos, sendo R$ 300 bilhões do BNDES. Entre 2023 e 2024, R$ 181,3 bilhões foram alocados no setor industrial, com destaque para o eixo de produtividade, que recebeu R$ 131 bilhões. A inovação, embora com menos projetos, também registrou números expressivos, com R$ 13,8 bilhões aprovados.

◎ Foco em tecnologia e descarbonização - Celso Pansera, presidente da Finep, enfatizou a importância de aliar reindustrialização à descarbonização da economia. "Fazer a reindustrialização dentro de um conceito de descarbonização da economia é determinante para a gente", disse. A Finep tem sido um dos principais braços financeiros da NIB, com mais de R$ 29 bilhões contratados desde 2023. Pansera destacou que a iniciativa não só moderniza a indústria, mas também gera empregos de qualidade e valoriza a pós-graduação brasileira.

A Embrapii, por sua vez, concentrou esforços em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), com destaque para a agroindústria e as indústrias de alimentos e bebidas, que lideraram em número de projetos financiados. Alvaro Prata, diretor-presidente da Embrapii, ressaltou que a instituição tem investido na promoção de seu modelo e na capacitação de suas unidades para captar mais projetos.

◎ Desafios e oportunidades - Apesar dos avanços, os investimentos em inovação ainda estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, que detêm a maior parte dos recursos. Pansera reconheceu a assimetria e destacou iniciativas para reduzir as desigualdades regionais, como editais voltados para a agricultura familiar no Nordeste e projetos de bioeconomia no Norte.

Valter Pieracciani, fundador da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, destacou a importância do apoio governamental à inovação. "Todos os países inovadores financiam a inovação. A inovação precisa ter apoio do governo porque ela envolve risco e promove desenvolvimento e competitividade", afirmou. Ele também elogiou o impacto da NIB, afirmando que "nunca viu tanto dinheiro" para a inovação no Brasil.

◎  Lei do Bem e incentivos fiscais - Outro mecanismo que tem impulsionado a inovação é a Lei do Bem, que oferece incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos dois anos, R$ 63 bilhões foram investidos por meio da legislação, beneficiando 27 mil projetos de 6.505 empresas. Pieracciani, no entanto, criticou as restrições da lei, que beneficia principalmente a inovação de laboratório, em detrimento de soluções práticas desenvolvidas pela indústria.

Com um cenário promissor, a indústria brasileira avança em direção a um futuro mais inovador e sustentável. A NIB, aliada aos esforços do BNDES, Finep e Embrapii, tem sido fundamental para consolidar esse movimento, mas ainda há desafios a superar, especialmente no que diz respeito à distribuição regional dos recursos e à inclusão de setores menos representados, como o de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

Fonte: Brasil 247 com informações da revista Exame

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