Presidenta do PT destaca perfil do novo presidente do BC e aposta na experiência de Sidônio Palmeira para reforçar comunicação e combater “fake news”
Gleisi Hoffmann (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), avalia que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá um perfil distinto do antecessor, Roberto Campos Neto, ao demonstrar maior compromisso com o País. “Ele é a favor do Brasil”, frisou a dirigente, em entrevista ao Valor. A declaração reforça as críticas de Gleisi ao ex-presidente do BC, a quem acusa de ter agido em desalinho com os objetivos do governo. Ela argumenta que Campos Neto teria “sabotado” o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente ao alimentar a narrativa de possível irresponsabilidade fiscal.
Segundo Gleisi, o antigo dirigente do BC não reconheceu avanços importantes, como a redução do déficit primário do setor público — que passou de 2,29% do PIB em 2023, conforme dados da autoridade monetária, para uma projeção de 0,1% em relação a 2024, segundo o Ministério da Fazenda. De acordo com a deputada, Galípolo atuará para “mudar a perspectiva do mercado sobre o Brasil” e contribuir para uma melhor interpretação dos indicadores econômicos. Ainda assim, lembra que as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) têm sido tomadas por unanimidade, o que, na avaliação dela, confirma uma postura cautelosa em relação aos riscos fiscais do governo.
O mercado financeiro, por sua vez, recebeu com desconfiança algumas sinalizações do Executivo, entre elas a possibilidade de flexibilizar metas fiscais. Em setembro, Campos Neto ponderou, diante da alta dos juros futuros, que havia exagero na percepção sobre o risco fiscal. Galípolo também chegou a negar que a escalada do dólar fosse um “ataque especulativo”, descartando uma visão “monolítica” do mercado. A presidente do PT reforça, todavia, que “não se justificaria o pessimismo” devido aos dados favoráveis da economia, como a expansão do PIB, projetada em 3,5% para 2024, além de uma taxa de desemprego de 6,1% segundo o IBGE.
No campo da comunicação, Gleisi comemora a chegada de Sidônio Palmeira, futuro ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Ela ressalta a importância de aprimorar a presença do governo nas redes e ampliar o combate às notícias falsas. “Ele traz a bagagem da campanha, conhece as propostas e tem proximidade com Lula”, celebrou a deputada, que também reconheceu o trabalho do ex-ministro Paulo Pimenta (PT-RS) na Secom: “Ele desempenhou um papel importante, fez o enfrentamento necessário”.
Segundo Gleisi, as recentes mudanças na política de checagem de conteúdo anunciadas pela Meta, controladora de Facebook e Instagram, reforçam a urgência de uma regulamentação das redes. A dirigente considera que o “algoritmo” dessas plataformas tende a destacar conteúdos polêmicos, muitas vezes falsos ou ambíguos, agravando o cenário da disputa política. “Precisamos virar esse jogo”, alertou. Ela defende que o futuro presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque em pauta propostas de regulamentação, ainda que reconheça a necessidade de “um novo texto” para atrair o apoio de partidos do Centrão.
Por fim, Gleisi admite que as eventuais mudanças no primeiro escalão podem trazer ajustes ao espaço do PT no governo. A sigla controla 12 ministérios, incluindo quatro alocados no Palácio do Planalto, além da Fazenda. Ela reafirma a intenção de conduzir o processo de sucessão interna no partido — a eleição para escolha do novo presidente será em 6 de julho. O favorito para substituí-la é o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva. Gleisi lembra ainda que Lula é candidato à reeleição em 2026: “Isso só muda se ele quiser”. Embora seu nome seja cogitado para várias pastas, ela descarta assumir ministério na iminente reforma e aguarda um chamado do presidente: “Estou esperando o presidente Lula me chamar para tratar desse assunto”.
Fonte: Brasil 247
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