União entre as empresas resultaria em 60% do mercado aéreo; especialistas alertam para aumento de preços e redução de oferta
Avião da Azul no aeroporto internacional de Guarulhos (Foto: REUTERS/Leonardo Benassatto)
A formalização da intenção de fusão entre a Azul e o grupo Abra, controlador da Gol, promete transformar o cenário da aviação no Brasil. A nova companhia concentraria 60,3% do mercado doméstico, segundo informações do O Globo, isso significa que, a cada dez voos comerciais no país, seis seriam operados pela nova gigante do setor.
Especialistas alertam para as consequências dessa concentração de mercado, especialmente em relação aos preços das passagens e à oferta de voos. Segundo Cleveland Prates, ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e professor da FGV Law, o impacto no bolso do consumidor pode ser significativo. "A operação não é simples e gera impacto sobre o consumidor. Isso pode acabar gerando restrição de oferta e potencial aumento de preço. E isso desestimula a entrada de novos players", afirmou.
Prates destaca que o domínio das empresas sobre os slots (horários de pouso e decolagem) nos principais aeroportos do país pode dificultar a entrada de novos concorrentes, tornando o mercado menos atrativo para investidores. "Se você tem uma empresa que domina slots, pode ampliar a quantidade de voos em uma rota e reduzir preços de forma predatória. Depois, recupera o controle e eleva os preços", explicou.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que o governo não permitirá que a fusão resulte em aumento de tarifas para os consumidores.
A Azul atualmente opera em 140 destinos, com foco em cidades do interior do país e com uso de aeronaves menores, como turboélices. Apenas oito rotas são internacionais. A Gol, por sua vez, utiliza exclusivamente aviões Boeing 737, limitando sua operação a aeroportos com pistas maiores, com maior concentração no Sudeste e em Brasília.
A fusão ainda precisa ser aprovada pelo Cade. Cleveland Prates explicou que a proposta deve ser apresentada ao órgão nos próximos 15 dias. A partir daí, o Cade poderá aprovar a fusão integralmente, impor restrições (como a venda de slots ou a manutenção de rotas) ou rejeitar o acordo, caso identifique riscos à concorrência.
O prazo para análise é de até 240 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 90 dias.
Se aprovada, a fusão posicionará a Latam como a única grande concorrente no mercado brasileiro. Atualmente, a Latam lidera o setor, com 38,6% de participação em dezembro, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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