sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Em entrevista, Arthur Lira afirma que polarização em 2026 será entre Lula e Bolsonaro, mas não adiantou posição do PP

Prestes a deixar a presidência da Câmara, Lira critica falta de sintonia no governo e defende arrumação 'de baixo para cima'

     Arthur Lira (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

A poucos dias de deixar a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) concedeu uma entrevista ao jornal O Globo em que fez um diagnóstico da atual situação política do país e observações sobre o governo Lula.

Sobre as eleições de 2026, Lira afirmou que o PP ainda não tem uma definição sobre quem apoiará, mas indicou que a disputa continuará polarizada entre Lula e Bolsonaro. "Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vemos. Bolsonaro é tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018", comentou, apontando que a decisão de apoio precisará ser "muito amadurecida" dentro da legenda.

Segundo Lira, uma reforma ministerial não será suficiente para reverter a queda de popularidade do governo, sendo necessária uma "arrumação de baixo para cima".

Lira afirmou que "o governo foi eleito com uma pauta social muito forte", mas que também precisa de responsabilidade fiscal. "Quando parte da população que votou no governo e outra parte que votou contra começa a caminhar para o mesmo lado (para a insatisfação), é lógico que baixa a popularidade", analisou.

Para ele, não adianta apenas trocar ministros sem ajustar questões estruturais, especialmente na economia. "Eu tenho a impressão de que o governo vai ter que arrumar o primeiro andar para a cobertura. Não adianta mudar apenas a cobertura", disse. O primeiro andar, segundo ele, são "economia, emprego, inflação", que afetam diretamente a percepção da população sobre o governo.

Sobre a articulação política, Lira reiterou que "é fato que é necessária uma reforma ministerial". Ele apontou que a composição inicial da Esplanada foi feita "no calor da PEC da Transição" e favoreceu mais o Senado do que a Câmara. "No final, a Câmara votou mais fácil com o governo do que o Senado. Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos", destacou, sugerindo um maior equilíbrio na distribuição de espaços.

Lira também criticou a falta de coesão dentro do governo: "Há um desencontro do governo com o próprio governo, entre áreas do governo. Não há uma sintonia". Para ele, Lula precisa de aliados mais ativos na linha de frente da articulação. "O Lula é um animal político muito experiente, mas não pode estar na linha de batalha. Tem que ter gente brigando", disse.

Questionado sobre um eventual convite para assumir um ministério no governo Lula, Lira desconversou: "Eu não falo sobre conjecturas. O 'se' não existe. Nunca tive conversas com Lula sobre ministério, nem com nenhum membro do governo". Ele também evitou comentar sobre a possibilidade de aceitar o Ministério da Agricultura, uma das especulações recentes: "Não tenho respostas para algo que nunca foi conversado".

Lira também comentou sobre o impasse entre Congresso e Judiciário em relação às emendas parlamentares. Para ele, a transparência sempre foi defendida, mas é preciso evitar a criminalização da prática: "Sempre defendemos a transparência e sempre defendemos as emendas. Elas têm uma função social importante. Coisas que nenhum ministro tem condições de enxergar".

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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