Parlamentar apontou que o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, "não tinha muita alternativa" para evitar a medida sem gerar "uma grande crise"
Lindbergh Farias e Roberto Campos Neto (Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara I Agência Brasil)
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou como "inaceitável" o novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, anunciado nesta quarta-feira (29) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Com a decisão, os juros chegaram a 13,25% ao ano, na primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo, presidente do BC indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Esse novo aumento de 1 ponto percentual da Selic é um desastre que pode provocar uma desaceleração excessiva da economia e terá um enorme impacto fiscal", afirmou Lindbergh em publicação nas redes sociais. Ele criticou duramente o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), por ter "contratado" previamente as duas elevações consecutivas de juros na última reunião do Copom, em dezembro de 2024.
O parlamentar apontou que Galípolo "não tinha muita alternativa" para evitar a medida sem gerar "uma grande crise", mas destacou que o grande desafio da nova gestão será "sair dessa armadilha" e retomar uma política monetária que equilibre o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e da geração de empregos.
Impacto Fiscal e Críticas ao Mercado - Lindbergh também questionou a justificativa técnica para o aumento, citando a carta de Galípolo que explicou o descumprimento da meta de inflação de 2024, que fechou em 4,83%. De acordo com o deputado, o principal fator foi a alta do câmbio, que impactou em 1,21 ponto percentual a inflação, enquanto o peso do "suposto sobreaquecimento da economia" foi de apenas 0,49 ponto percentual.
Para o parlamentar, a política de juros altos tem beneficiado apenas o mercado financeiro e os rentistas, enquanto onera o orçamento público. Ele destacou que, no acumulado de 12 meses até novembro de 2024, o Brasil gastou R$ 837 bilhões com o pagamento de juros da dívida, enquanto o déficit primário foi de apenas R$ 14,5 bilhões. "Cada 1 ponto percentual a mais na Selic significa cerca de R$ 55 bilhões de déficit no orçamento público", afirmou.
Lindbergh também criticou o discurso de "terrorismo econômico" promovido pelo mercado financeiro, que, segundo ele, insiste em alarmes sobre crise fiscal e descontrole das contas públicas. "A realidade não é essa! O Brasil realizou um dos maiores esforços fiscais do mundo, saindo de um déficit de 2,3% do PIB, em 2023, para 0,1%, em 2024."
Leia na íntegra a nota de Linbergh abaixo:
"Esse novo aumento de 1 ponto percentual da Selic é um desastre que pode provocar uma desaceleração excessiva da economia e terá um enorme impacto fiscal.
É inaceitável a armadilha criada por Roberto Campos Neto, que na última reunião do Copom, enquanto presidente do BC, tenha deixado contratados dois aumentos de 1 ponto percentual na taxa Selic.
Gabriel Galípolo não tinha muita alternativa de mudar essa rota, neste primeiro momento, sem criar uma grande crise. O grande desafio da nova gestão do BC é sair dessa armadilha e retomar uma política que permita conciliar o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico e a geração de empregos.
Não há justificativa técnica para um choque monetário dessas proporções. A própria carta enviada por Galípolo em que explica os motivos da inflação de 4,83% aponta que a principal razão do descumprimento da meta foi a alta da taxa de câmbio, que significou um aumento de 1,21 ponto percentual na composição da inflação do ano passado. O peso do suposto “sobreaquecimento da economia” foi de APENAS 0,49 ponto percentual.
O que nós estamos vivendo no Brasil é um terrorismo econômico liderado pelo mercado financeiro que todos os dias fala em “crise fiscal”, “gastança” e “descontrole das contas públicas”. A realidade não é essa!
O Brasil realizou um dos maiores esforços fiscais do mundo.
Nós saímos de um déficit de 2,3% do PIB, em 2023, para 0,1%, em 2024.
Sabe onde tá o descontrole fiscal? Nessa taxa de juros altíssima! Cada 1 ponto percentual a mais na SELIC significa cerca de R$ 55 bilhões de déficit no orçamento público.
No acumulado de 12 meses, até novembro de 2024, o Brasil gastou mais de R$ 837 bilhões com o pagamento de juros da dívida, enquanto o déficit primário do país foi de apenas R$ 14,5 bilhões.
Juros altos só são bons para os rentistas. O aumento dos juros espreme as famílias e as empresas, mata o investimento e compromete o crescimento da economia e o aumento da renda, sem impacto significativo sobre a inflação. Precisamos superar o legado desastroso de Roberto Campos Neto."
Fonte: Brasil 247
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