segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

BTG traça cenários com o dólar entre R$ 5,20 e R$ 7,10 neste ano

Economista do banco alerta para incertezas orçamentárias na trajetória cambial

Lula, bolsa de valores e dólares (Foto: Julia Prado/MS | ABR)

A trajetória do dólar frente ao real voltou a ganhar destaque nos últimos meses devido às preocupações sobre o risco fiscal e a condução da política econômica no país. De acordo com relatório divulgado originalmente pelo BTG Pactual, assinado pela economista Iana Ferrão, a moeda norte-americana poderá encerrar este ano em R$ 6,25 em um cenário-base, mas não se descarta que atinja a faixa de R$ 7,10 em um contexto adverso. Já em um panorama mais benigno, o valor poderia cair para a casa dos R$ 5,20.

“Ações que contornem o Orçamento, intensifiquem mecanismos parafiscais, minem a credibilidade da política monetária ou envolvam intervenções no mercado cambial tendem a pressionar ainda mais o câmbio, podendo levá-lo a ultrapassar a barreira de 7,00 reais por dólar”, pontua Ferrão no relatório, noticiado pelo Valor Econômico.

● Cenários e projeções

No cenário principal projetado pelo BTG, o dólar chega a R$ 6,25 no fim de 2025, podendo chegar a R$ 6,35 no ano seguinte. Já na hipótese pessimista, a moeda americana encerraria 2025 em R$ 7,10 e alcançaria R$ 7,30 em 2026. Em contrapartida, caso o governo implemente medidas que garantam a sustentabilidade do arcabouço fiscal, o dólar pode ficar na faixa de R$ 5,20, o que representaria uma apreciação relevante da moeda brasileira. “A implementação de medidas que sinalizem claramente o compromisso do governo com a sustentabilidade do arcabouço fiscal e a estabilização da trajetória da dívida pública teria o potencial de reduzir o prêmio de risco do Brasil, promovendo uma apreciação do câmbio”, destaca a economista.

● Riscos domésticos

Ferrão avalia que fatores internos são predominantes na recente depreciação do real. Um modelo adotado pelo BTG Pactual, que compara moedas de outros países emergentes e exportadores de commodities, indica que aproximadamente R$ 0,90 do valor atual do dólar se deve a riscos domésticos. “Esse resultado reflete, sobretudo, o aumento das preocupações do mercado quanto à sustentabilidade da dívida pública no longo prazo e à condução da política econômica nos próximos trimestres”, observa.

● Superávit comercial x fluxo de capitais

No que diz respeito à balança comercial, o BTG projeta um superávit de US$ 87 milhões para este ano, impulsionado pela expansão da produção agrícola, pelo aumento da extração de petróleo e pelo efeito atrasado de uma desvalorização cambial de mais de 25%. Ainda assim, Ferrão alerta que a saída de capitais pelo segmento financeiro pode neutralizar esses ganhos no fluxo cambial. “Como consequência dessa saída recorde em dezembro, o fluxo cambial líquido acumulado em 2024, que até novembro era positivo em quase US$ 10 bilhões, inverteu o sinal e encerrou o ano em US$ 18 bilhões negativos”, relata a economista.

A análise sugere, portanto, que a manutenção da confiança dos investidores, por meio de políticas econômicas transparentes e credíveis, será fundamental para conter pressões cambiais e reduzir o prêmio de risco país no médio e longo prazos.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário