María Corina Machado, líder da extrema direita venezuelana, afirmou que Edmundo González deve permanecer no exterior
A ultraliberal líder da extrema direita venezuelana, María Corina Machado, publicou um vídeo nesta sexta-feira (10) afirmando que o ex-candidato da Plataforma Unitária, Edmundo González Urrutia, não vai voltar à Venezuela. A fala da ex-deputada vem depois de um mês em que os opositores prometaram estar em Caracas em 10 de janeiro para interferir na cerimônia que empossou Nicolás Maduro como presidente.
Segundo Machado, "não há garantias de segurança" para que Edmundo esteja na capital venezuelana. Na publicação, a ex-deputada afirmou que é fundamental "garantir a integridade de Edmundo para a derrota final do regime".
Ainda segundo ela, a decisão foi tomada depois que o governo "aumentou a repressão" nos atos desta quinta-feira (9). "Decidimos que não era conveniente que Edmundo tentasse entrar na Venezuela nesta sexta. Foi um pedido meu. A democracia está muito perto. Venezuelanos, Maduro não poderá governar à força", disse.
A decisão anunciada por Machado é um recuo após uma tentativa de mobilização popular e internacional em torno do nome de González e da ideia de intervir na cerimônia de posse.
O ex-candidato da extrema direita fez nos últimos dias uma turnê por países governados pela direita para pedir apoio em uma tentativa de derrubar o governo de Maduro. Ele se encontrou com os presidentes da Argentina, Javier Milei, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e dos Estados Unidos, Joe Biden, em um esforço de mostrar força política para tentar um golpe.
Em todas as ocasiões, ele reforçou a ideia de estar em Caracas em 10 de janeiro para tentar tomar posse. Edmundo, no entanto, não especificou como pretenderia ir ao país, já que é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Ministério Público.
Presa ou não?
No vídeo, María Corina também deu a sua versão sobre o que foi denunciado pela Plataforma Unitária nesta quinta-feira como a "prisão da ex-deputada". Ela participou dos atos opositores nesta quinta e discursou para apoiadores. Depois, deixou a mobilização em uma moto.
A Plataforma Unitária afirmou que Machado foi "libertada" após ser "retida à força" ao final da manifestação. O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, confrontou essa versão ainda na quinta e disse que a suposta detenção de Machado foi “uma invenção, uma mentira”.
Na publicação desta sexta, María Corina disse ter deixado a marcha de maneira pacífica acompanhada de duas motos. No caminho de volta, ela afirma ter sido interceptada por agentes de segurança e colocada em uma moto com dois policiais que afirmavam levar ela para o bairro da Boleíta, na capital Caracas. Na sequência, eles teriam recebido ordem para libertá-la.
A ultraliberal afirma também que eles gravaram um vídeo com um depoimento dela afirmando que estava bem.
Maduro toma posse e jura com o povo
O presidente Nicolás Maduro foi empossado nesta sexta-feira na Assembleia Nacional para um terceiro mandato que deve durar até 2031. Após a cerimônia oficial, ele participou de um ato em frente ao Palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, e discursou para uma multidão que o esperava há horas. Entre os apoiadores havia cerca de 2 mil delegados internacionais.
Em seu discurso, o presidente relembrou Hugo Chávez em vários momentos: “Nessa mesma rua, 12 anos atrás, com Chávez já debilitado, jurei lealdade ao comandante e ao povo".
“Hoje superamos o estigma da traição, nós derrotamos a traição. Hoje cumpri como homem do povo e como cidadão a Constituição: às 11h fui juramentado como presidente constitucional da República Bolivariana da Venezuela até 2031", afirmou.
Maduro comentou que 125 delegações de países estrangeiros estão na Venezuela e que houve mobilizações em apoio a sua posse em mais de 300 cidades venezuelanas.
Ele ainda se referiu indiretamente às movimentações da extrema direita que saiu derrtada das eleições de julho do ano passado e, ainda assim, ameaçava intervir na posse do presidente chavista. “Enfrentamos a guerra psicológica incentivada pelos derrotados", disse Maduro.
O presidente ainda fez um juramento simbólico junto com o povo de continuar a construir uma "Venezuela potência" e de construção do socialismo e do poder popular para "combater qualquer conspiração fascista" e defender o direito da Venezuela a paz e ao futuro.
Edição: Lucas Estanislau
Fonte: Brasil de Fato
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