quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Aliados de Bolsonaro veem decisão de Moraes que impediu Bolsonaro de viajar aos EUA como recado sobre julgamento

Ministro do STF usou falas do próprio Bolsonaro para barrar viagem aos EUA e aliados veem despacho como antecipação do julgamento da trama golpista

Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes (Foto: Isac Nóbrega/PR | Nelson Jr./SCO/STF)

A decisão de 16 páginas proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que impede Jair Bolsonaro (PL) de viajar para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, marcada no próximo dia 20, utilizou declarações e manifestações do próprio ex-mandatário para embasar a recusa de devolução do passaporte requerida pela defesa. Na decisão, Moraes destacou a preocupação com uma possível fuga do ex-chefe do Executivo e reforçou a relação entre as declarações do ex-mandatário e as tentativas de fuga de outros investigados no contexto dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, sugerindo que Bolsonaro poderia seguir o mesmo caminho.

Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, de O Globo, em sua decisão, Moraes menciona declarações públicas de Bolsonaro em favor da fuga de condenados, como as feitas em apoio a investigados que se refugiaram na Argentina, destacando um tweet de outubro de 2024, que, segundo o ministro, fortalece a argumentação de que o ex-mandatário poderia ter a intenção de se esconder no exterior para evitar o cumprimento das decisões judiciais relacionadas aos crimes cometidos durante os atos golpistas.

O STF já havia negado, anteriormente, pleitos de Bolsonaro para a devolução de seu passaporte, e, com a atual decisão, a expectativa é de que este seja um dos temas centrais no julgamento das acusações que envolvem a trama golpista. De acordo com aliados de Bolsonaro, a decisão de Moraes foi mais contundente do que o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que também havia se posicionado contra a viagem. “Um esculacho”, definiu um interlocutor do ex-mandatário ouvido pela reportagem.

Ainda no teor da decisão, Moraes se aprofundou sobre o envolvimento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que intermediou o convite para a posse de Trump. O ministro do STF alegou que as declarações do filho de Bolsonaro corroboram a narrativa de defesa da fuga de condenados, o que se tornou um fator determinante para barrar a viagem do ex-mandatário.

Em sua decisão, o magistrado foi enfático ao afirmar que o pedido de devolução do passaporte seria "inconcebível", uma vez que Bolsonaro demonstrou, publicamente, apoio à fuga de condenados, além de tentar defender o asilo para aqueles que escaparam das autoridades. A operação Tempus Veritatis, que levou à apreensão do passaporte de Bolsonaro em fevereiro de 2024, seguiu essa linha de investigação, que incluiu também a apreensão de documentos de outros aliados do ex-presidente.

A reação dos aliados de Bolsonaro, em sua maioria, foi de insatisfação com a dureza da decisão. Muitos ressaltaram o fato de que o voto de Moraes pode antecipar o tom do julgamento que deve ocorrer ainda neste semestre sobre os eventos do 8 de janeiro, com a possível apresentação da denúncia pela PGR.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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