domingo, 26 de janeiro de 2025

Além de Michelle e Eduardo Bolsonaro, quem eram os “radicais” do golpe, segundo delação de Cid

 

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e seu enteado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos – Foto: Reprodução

Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid revelou que o núcleo mais radical da trama golpista incluía Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. De acordo com Cid, ambos incentivavam Jair Bolsonaro a adotar medidas de exceção, acreditando que ele teria apoio popular e de grupos como os CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores). No entanto, eles não estavam sozinhos nessa ala que incentivava o ex-presidente a dar um golpe.

Cid descreveu diferentes grupos ao redor de Bolsonaro no período pós-eleitoral de 2022. O primeiro núcleo, liderado por figuras como Flávio Bolsonaro, Ciro Nogueira e o comandante da Aeronáutica Baptista Júnior, defendia que o ex-presidente aceitasse a derrota e assumisse o papel de líder da oposição.

O segundo grupo, composto por pessoas como o comandante do Exército Freire Gomes, rejeitava os rumos do país, mas não apoiava qualquer tipo de ruptura institucional.

Já o terceiro núcleo, favorável a um golpe, se dividia em duas alas. A menos radical buscava evidências de fraude nas urnas para justificar a medida. A mais extrema, por sua vez, defendia ações imediatas e armadas para interromper a democracia. Entre os integrantes dessa ala estavam Felipe Martins, Onyx Lorenzoni, Gilson Machado, o general Mario Fernandes, e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES).

Felipe Martins, Onyx Lorenzoni e Gilson Machado, citados por Cid como integrantes da ala mais radical que pressionava Bolsonaro a adotar medidas golpistas, incluindo a assinatura de decretos de exceção – Foto: Reprodução

A defesa de Michelle Bolsonaro classificou as acusações como “absurdas e sem fundamento”, afirmando que nem ela nem sua família estiveram envolvidos em planos golpistas. Eduardo Bolsonaro também negou as declarações, chamando-as de “fantasia”.

Segundo o depoimento de Cid, o grupo mais radical pressionava Bolsonaro a assinar decretos de exceção e acreditava que ele teria apoio das Forças Armadas e de movimentos armados civis. Lorenzoni e outros integrantes se reuniam esporadicamente com Bolsonaro para defender essa postura, conforme revelado pelo depoimento.

O relatório final da PF também incluiu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que foi classificado por Cid na ala “menos radical”. Ele é acusado de ter usado argumentos falsos para questionar o resultado eleitoral de 2022 e justificar uma suposta fraude nas urnas.

O general Mario Fernandes e os senadores Jorge Seif e Magno Malta

A delação de Cid, divulgada inicialmente em agosto de 2023, trouxe à tona detalhes sobre as articulações golpistas e seus principais apoiadores.

Agora, cabe à Procuradoria-Geral da República analisar o relatório da Polícia Federal e decidir se apresenta denúncias contra os envolvidos ou arquiva os indiciamentos.

Fonte: DCM

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